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Mercado Externo

Preços dos grãos sobem com saída da Rússia do acordo com a Ucrânia

Analistas afirmam que não é esperado um aumento repentino semelhante ao ocorrido no início da invasão russa à Ucrânia, mas um crescimento temporário e maior volatilidade são possíveis

Preços dos grãos sobem com saída da Rússia do acordo com a Ucrânia

Os preços dos grãos estão em alta nesta segunda-feira após o anúncio de que a Rússia está se retirando do acordo de grãos do Mar Negro com a Ucrânia, que expirou hoje. No entanto, segundo o BMI Research, o impacto do fim do pacto nos preços provavelmente será limitado. Os analistas do banco afirmaram que não é esperado um aumento repentino semelhante ao ocorrido no início da invasão russa à Ucrânia, mas um crescimento temporário e maior volatilidade são possíveis.

O BMI avalia que os efeitos da suspensão do acordo serão mais prejudiciais para o trigo do que para o milho. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê uma queda de 1,4% nas exportações globais de trigo nesta temporada. Enquanto isso, o Brasil teve uma colheita recorde de milho, juntamente com as perspectivas promissoras das colheitas nos EUA e na Argentina. Os analistas do banco afirmam que o mercado global de trigo é mais sensível a desenvolvimentos negativos na oferta, devido à sua maior escassez em comparação com o milho.

Com a incerteza em torno da renovação do acordo, as operações no corredor marítimo do Mar Negro já estavam praticamente paradas, com a proibição de entrada ou saída de novos navios desde 27 de junho, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). O último navio listado pela organização como participante do acordo, o TQ Samsun, de bandeira turca, partiu de Odessa com 15.300 toneladas de colza com destino à Holanda.

A BMI afirma que os volumes de exportação da Ucrânia já diminuíram, e a capacidade do país de produzir grãos continua significativamente prejudicada pelos danos causados pela guerra. Em junho, foram exportadas cerca de 2 milhões de toneladas de grãos, em comparação com o pico de 4,2 milhões em outubro, de acordo com dados da ONU.

O acordo de grãos foi negociado entre Ucrânia, Rússia e Turquia em julho do ano passado, após a interrupção das exportações pelo Mar Negro devido à invasão russa à Ucrânia, o que levou a um aumento nos preços globais dos alimentos. A Rússia anunciou sua retirada do acordo nesta segunda-feira por meio de seu porta-voz, Dmitry Peskov, após meses de ameaças, mas informou que pode retomar o pacto se suas exigências forem atendidas. O país está pedindo que o Ocidente facilite suas exportações de alimentos e fertilizantes.

De acordo com os termos do acordo de grãos, ele poderia ser renovado automaticamente a cada 120 dias, a menos que um dos signatários ativasse uma cláusula de saída. A decisão de suspensão ocorreu horas depois do ataque à ponte que liga a Crimeia à Rússia. A Rússia já havia suspendido sua participação anteriormente em outubro, após um ataque a uma base naval russa na Crimeia. Moscou retornou ao acordo quando a Ucrânia, a Turquia e a ONU continuaram a enviar navios de e para Odessa, ignorando a suspensão russa, enquanto os diplomatas trabalhavam para salvar o pacto.