Vários acontecimentos de natureza social, política, sanitária e econômica marcaram o ano de 2022 e devem ficar registrados nos anais da história. A exacerbada polarização que impregnou todo o processo eleitoral e a preocupante condição de Nação dividida com a qual chegamos ao fim do ano será uma das marcas desse período.
É preciso serenidade, maturidade, espírito público e convicção democrática de todos, mas em especial, das lideranças para que o País prossiga em sua marcha, solucionando a vida dos brasileiros e consolidando seu papel no concerto geral das nações.
Neste cenário, empresários, produtores e trabalhadores rurais iniciarão o Ano Novo com fundadas preocupações sobre o futuro da agricultura e do agronegócio. As razões para isso são os sinais – alguns, subentendidos, outros, expressos – sobre a doutrina que orientará o novo governo em relação ao setor primário da economia.
Causa inquietação a dificuldade que o novo governo demonstra em reconhecer o papel do agro na economia brasileira e, pior ainda, a chancelar visões equivocadas de ativistas que desconhecem as agruras e a complexidade do setor.
Uma das insanidades em pauta é a intenção de aumentar a tributação sobre insumos e produtos do agro, ignorando que o efeito inexorável dessa medida será o encarecimento da comida na mesa do brasileiro e a perda de competitividade no mercado mundial. A história já provou que esse tipo de medida só causa inflação, fome e escassez.
Outra insensatez é a segregação da agricultura familiar e da agricultura empresarial, como se fosse possível separar uma atividade que depende dos mesmos fatores que afetam indistintamente pequenos, médios ou grandes produtores, como clima, sanidade, mercado, câmbio etc. Essa interpretação tipicamente ideológica pode conspurcar as políticas de Estado para o agro e levar mais insegurança ao campo.
A agricultura pede paz e esperança para continuar produzindo, respondendo pela segurança alimentar do Brasil e gerando mais de 140 bilhões de dólares de superávit na balança comercial. Entretanto, todas as manifestações do futuro governo causam ansiedade e preocupação porque ainda embutem conceitos equivocados sobre ao agro.
A agricultura brasileira é uma das mais sustentáveis do Planeta, preserva os recursos naturais e, como resultado do intenso e crescente emprego de tecnologia, bate recordes de produtividade a cada safra. A produção agrícola e pecuária do Brasil alimenta, hodiernamente, cerca de 1 bilhão de habitantes.
Essas preocupações não são infundadas e resultam de uma simples análise retrospectiva dos governos anteriores sob a legenda do partido político que retorna ao poder em janeiro de 2023. Mas, os empresários e produtores rurais nutrem grande esperança no Parlamento, onde atuam senadores e deputados da Frente Parlamentar da Agricultura, a qual tem sido, com muita determinação e competência, a trincheira de resistência contra ideias e projetos anacrônicos e ideológicos já sepultados em todas as Nações desenvolvidas.
Nesse oceano de incertezas é encorajador saber que a maioria dos congressistas que assumem em 2023 conhece e valoriza o universo da agricultura e do agronegócio e, assim, assegura a continuidade da proteção institucional que o setor necessita no Legislativo Federal.
É lamentável que além de todos os percalços, desafios e ameaças que o produtor rural e o empresário rural enfrentam corriqueiramente, somam-se as preocupações com a gestão macroeconômica do País. Nessa contextura que viverá o Brasil em 2023, o Congresso Nacional será o palco dos confrontos dessas posições ideológicas e, mais uma vez, como verdadeira casa do povo, decidirá em favor de quem trabalha, produz e sustenta o País.