O setor produtivo de ovos deve encerrar este ano com números bem positivos em termos de consumo per capita. A expectativa é que ele atinja 250 unidades por habitante/ano, um crescimento de 8,5% em relação ao ano passado. Em dez anos, o consumo quase dobrou, já que em 2010 ele era de 148 ovos por habitante em média. A produção total de ovos também será recorde no Brasil. Ao longo de 2020, foram produzidos cerca de 54 bilhões de unidades. No ano passado, este número foi de 49 bilhões. “O mercado interno, onde 99,5% da produção brasileira é comercializada, manteve bons níveis de consumo”, comenta o presidente do Instituto Ovos Brasil (IOB), Ricardo Santin, que também ocupa a presidência da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Em termos de exportação, ainda muito baixa no segmento de ovos, a pandemia de Covid-19 acabou influenciando de maneira negativa os volumes embarcados. O principal destino do produto brasileiro, que é os Emirados Árabes Unidos, sofreu reduções drásticas em seu turismo devido a pandemia, o que resultou na diminuição da demanda por ovos, consequentemente, das importações do Brasil.
No mercado doméstico a pandemia também impactou o setor, gerando algumas preocupações iniciais. O próprio consumidor ficou preocupado com a possibilidade de desabastecimento do produto, o que acabou não ocorrendo. “O que ocorreu foi uma escassez nos estoques, em especial nos primeiros meses de quarentena, a partir de março, fato que refletiu inclusive nas cotações naquele momento por uma demanda maior que a oferta, porém é de conhecimento que não se consegue aumentar a produção de imediato na cadeia de avicultura”, explica Denílson Potratz, presidente da Coopeavi, uma das principais cooperativas voltadas à produção de ovos do país, sediada em Santa Maria do Jetibá (ES).
De acordo com Potratz, passada a primeira etapa de quarentena, a demanda pelo produto se manteve dentro da normalidade, acompanhada de uma tendência de aumento no consumo de alimentos em geral. Os dois principais fatores para isto foram a permanência de boa parte da população em suas residências e a distribuição do auxílio emergencial pelo governo federal, o que injetou significativos valores na economia e as famílias utilizaram basicamente na compra de itens alimentícios.
Diante deste cenário, as estimativas traçadas ainda no início de 2020 acabaram sendo cumpridas, ou até mesmo ultrapassadas. “Com a pandemia, o setor produtivo se adaptou e desenhou novos caminhos para a produção, mas os níveis produtivos se mantiveram muito próximos das projeções traçadas no começo do ano”, indica Santin, do IOB.