Redação SI 25/11/2003 – 09h30 – Em conseqüência da crise que afetou o setor suinícola por mais de 18 meses, sendo que seus reflexos ainda perduram sobre o produtor de suínos, devido alternativas encontradas para se manter na atividade ou para honrar com seus compromissos, muitos produtores buscaram nos bancos a solução momentânea para seus problemas. Como a crise foi longa e acabou sacrificando muitos suinocultores, os empréstimos nos bancos começaram a vencer, sem que seus titulares tivessem condições de saldá-los.
Diante destas dificuldades, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos, (ACCS), solicitou junto ao Governo Federal e Ministério da Agricultura, no mês de setembro, a prorrogação destas dívidas por pelo menos um ano. De acordo com o presidente da ACCS, Wolmir de Souza, neste período o produtor teria condições de se recompor e honrar com seus compromissos nas agências bancárias.
Em correspondência emitida pelo Gabinete do Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues e assinada pelo Chefe de Gabinete, Célio Porto, justifica por que o órgão não acatou o pedido dos suinocultores.
Segundo Célio Porto, é necessário registrar que os preços do suíno se recuperaram substancialmente, chegando a R$ 2,00 e o milho está bastante competitivo. Mas que medidas foram tomadas para amenizar a crise, como o prazo de espera de 60 dias aos suinocultores que tinham pagamentos a efetuar; concessão de prazo maior pelo Banco do Brasil, mediante exame caso a caso, de acordo com a capacidade de pagamento, que através de sua direção de Brasília orientou sua rede de agências a sentar com os produtores e estabelecer novo esquema de pagamento.
Consta ainda na correspondência encaminhada, que o pedido de prorrogação dos prazos dos financiamentos de crédito rural dos suinocultores, não mereceu pronta acolhida da área econômica. A medida seria importante para dar um fôlego aos produtores principalmente junto aos bancos privados, mas pelo fato de no bojo dos financiamentos existir uma parcela lastreada em recursos equalizados pelo Tesouro, haveria impacto orçamentário anual de mais ou menos R$ 4,30 milhões, recursos estes que não estão disponíveis neste ministério, motivo que inviabiliza a aprovação do voto, diz.
A carta continua considerando que a recuperação do preço do suíno nestes quatro meses superou em muito todas as expectativas, mesmo sabendo que o prejuízo deixado pelos 18 meses de crise demorará razoável tempo para ser recuperado e absorvido e diante da existência de recursos orçamentários neste Ministério para bancar equalização, decidiu-se não insistir na aprovação do voto. Segue não me parece necessária a criação de linhas especiais de apoio ao setor, além das já existentes e previstas no Plano Safra 2003/04. A dificuldade de obtenção de financiamento, não só por parte de produtores como também de agroindústrias e cooperativas, decorria da crise e da falta de limites de crédito junto aos bancos, fatos que já estão sendo contornados, de acordo com as regras de cada instituição financeira, diante do novo ambiente de preço e demanda, hoje positivos, finaliza.
Já o presidente da ACCS reclama de que muitos empréstimos de suinocultores estão vencendo sem que haja condições de quitá-los e que estes não estão conseguindo fazer outros sem que sejam pagos os anteriores, até porque o valor pago pelo suíno voltou a cair nos último dias, chegando ao patamar de R$ 1,80 o kg, não dando condições de rentabilidade.