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Protestos a favor da Avestruz Master

<p>Protestos Pró-empresa são realizados em Goiás.</p>

Redação AI (18/05/06)- Na tentativa de viabilizar a recuperação judicial da Avestruz Master, credores e funcionários realizam protestos contra a Justiça Federal, que mantém o bloqueio de bens do grupo. Ontem, investidores iniciaram vigília em frente à sede do órgão em Goiânia. Em Bela Vista, trabalhadores do grupo entram no segundo dia de paralisação.

Uma comissão de 15 funcionários se juntou a parte dos mais de 55 mil ex-credores, representantes comerciais e presidentes de entidades representativas dos sócios em protesto na porta da Justiça Federal. Velas e faixas de indignação deram a aura fúnebre ao protesto. Nas faixas, frases como fiscalização sim, falência não; libere os bens e não vamos deixar que interesses escusos levem à falência.

Os manifestantes permaneceram na sede da Justiça Federal até a meia noite. Hoje, às 10 horas, os participantes do protesto voltam a se reunir na Rua 19, onde fica a Justiça Federal. Também em prol do desbloqueio dos bens, a previsão é que a terceira manifestação em dois dias tenha público recorde até agora: cerca de duas mil pessoas.

É uma tentativa de pedir a compreensão do juiz, porque a nossa situação é crítica. Se os bens continuarem bloqueados, não há como evitar a falência, afirma a presidente da Associação Brasileira de Proteção aos Investidores da Avestruz Master (Abpam), Cristiene Pereira.

No primeiro dia de protesto, os mais de 300 empregados da Avestruz Master bloquearam durante mais de uma hora a GO-020, no trecho onde fica o frigorífico da empresa. Tratores, ônibus e veículos da empresa foram atravessados na pista para impedir a passagem de qualquer automóvel. A polícia ameaçou intervenção para acabar com a inacessibilidade da via, mas com a chegada da imprensa, os ânimos se acalmaram e o desbloqueio foi pacífico.

A pista foi liberada, mas os trabalhadores mantiveram o protesto reunidos em frente ao Struthio Gold, com faixas reclamando pelo bloqueio dos bens. O acesso ao frigorífico só foi liberado às 18 horas.

Greve

Trabalhadores entram no segundo dia de paralisação, mas não anunciam oficialmente a greve. O efetivo de mais de 300 empregados da empresa não retomou as atividades nas fazendas Master e no Frigorífico Struthio Gold, em Bela Vista, porque não houve sinalização da Justiça Federal quanto ao pagamento do salário referente ao mês de abril e ao reabastecimento do estoque de arroz, feijão e carne para preparação das refeições dos funcionários.

Eles também protestam pela liberação dos bens sob seqüestro judicial. Os empregados mantêm a regularidade apenas das atividades no incubatório dos ovos. Parte do plantel de mais de 38 mil avestruzes está em fase de postura e os trabalhadores decidiram não arriscar a vida dos filhotes. Técnicos estão atendendo de forma esporádica apenas questões emergenciais.

As avestruzes não receberam ração durante todo o dia de ontem porque a distribuição exige grande mão-de-obra. Por meio da assessoria de imprensa, a Avestruz Master informou que os funcionários continuarão de braços cruzados até que a Justiça sinalize liberação de recursos, mesmo que para o pagamento parcelado do salário.

A paralisação será repetida hoje. As avestruzes devem continuar sem recebimento de ração. Não adianta liberar dinheiro para ração, porque ela não chega sozinha até a boca dos animais. Os funcionários precisam receber para dar comida às avestruzes e também colocar comida na mesa deles, defende o presidente do Portal do Avestruz, André Luiz Dias Matos, que esteve na manifestação durante todo o dia de ontem.

Desbloqueio é solicitado
O corpo jurídico da Abpam protocola hoje petição para que o magistrado libere aos menos os R$ 400 mil correspondentes à folha de pagamento dos funcionários referente ao mês de abril. Os empregados precisam receber. Até porque se a empresa falir por falta de recursos para manter o negócio, esses R$ 400 mil para pagar os funcionários não farão diferença, já que o ativo é insuficiente para liqüidar a dívida com os credores, argumenta Cristiene.

Os protestos são encabeçados por associações representativas dos acionistas, mas têm apoio da empresa. A idéia em comum é a de sensibilizar a Justiça Federal para o risco iminente de falência caso os bens não sejam desbloqueados. O juiz da 11 Vara Criminal da Justiça Federal, Gilton Batista Brito adiantou ao DM que o bloqueio dos bens é mantido porque há indícios de que podem ser produtos de crime, e porque não foi realizada avaliação judicial para checar o valor dos produtos mantidos sob seqüestro.

A defensoria jurídica da empresa estima que valham mais de R$ 200 milhões, o magistrado calcula cerca de R$ 10 milhões. Anteontem, o processo da Avestruz Master foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF). Isso para que o MPF possa avaliar o pedido de levantamento do seqüestro dos bens. O MPF deve se pronunciar ainda esta semana sobre o pedido do juiz estadual, Carlos Magno. A decisão do MPF servirá de embasamento para que Gilton decida ou não pela liberação dos bens.

Assim que o MPF der parecer sobre a inacessibilidade ou liberação dos bens, abre-se prazo de 15 dias para que se realize a avaliação judicial do valor dos bens sob seqüestro. Ainda falta parecer do juiz quanto a duas petições protocoladas há sete dias para liberação dos bens.