A reativação do trecho entre Barra Mansa (RJ) e Angra dos Reis (RJ), de 105 quilômetros, da ferrovia operada pela empresa concessionária VLI pode beneficiar diretamente a exportação do polo de agronegócio do Sul de Minas, um dos maiores do país, responsável pela exportação de 30% do café brasileiro, além de soja, milho e outras commodities. O tema será discutido em reunião nesta quarta-feira (01) entre representantes do Terminal Portuário de Angra dos Reis (TPAR), operado pelo grupo Splenda Port, as prefeituras de Barra Mansa, Rio Claro e Angra e empresários da região Sul Fluminense, além de representantes da Firjan.
Atualmente o Porto Seco Sul de Minas, em Varginha (MG), movimenta cerca de 200 mil contêineres (ou equivalentes) por ano em cargas de importação e exportação por transporte rodoviário a um custo unitário médio de R? 3,4 mil. Com a ferrovia até Angra, o valor do transporte seria inferior a R? 2 mil por contêiner ou equivalente de carga, o que geraria uma economia significativa para os produtores do Sul de Minas. Além da redução do custo logístico, a reativação do trecho ferroviário entre Barra Mansa e Angra contribuiria para a redução das emissões de CO2 e a mobilidade, além de ajudar a desafogar outros portos do Sudeste, como o de Santos. A estimativa é que sejam eliminadas cerca de 50 mil viagens de caminhão por ano.
O número de contêineres que passa anualmente por Varginha também poderia dobrar com a reativação da linha, melhorando a logística de importação de outras cargas para o Triângulo Mineiro e Goiás, como adubos, fertilizantes, equipamentos e máquinas agrícolas, via Porto de Angra. O TPAR tem condições de movimentar cerca de 40 mil contêineres por ano em um primeiro momento, mas a capacidade poderia alcançar 100 mil.
A chegada da ferrovia a Angra também beneficiaria o Cluster Automotivo Sul Fluminense, que reúne seis montadoras e mais de 100 empresas fornecedoras da produção automotiva.
“A ferrovia até Angra dos Reis é de interesse econômico e social para as regiões Sul dos estados do Rio e de Minas. Trata-se de um projeto estruturante que gerará empregos a curto, médio e longo prazos, além de recursos para os municípios da região. Além de atender ao agronegócio, o trecho Barra Mansa-Angra também teria horários para passeios turísticos”, ressalta Leandro Cariello, sócio do Splenda Port.
A retomada da operação também pode ser estimulada pela Medida Provisória, editada no último dia 30, que instituiu o novo marco legal do transporte ferroviário e facilita a devolução de concessões com a conclusão de trechos como o previsto entre Barra Mansa e Angra.
“A MP cria a chamada autorização ferroviária, que simplifica a exploração de trechos curtos, também conhecidos como short-lines, pela iniciativa privada. Se não for interesse da VLI operar, podemos ser o operador do trecho entre Barra Mansa e Angra. Inclusive já manifestamos nosso interesse junto à ANTT”, diz Paulo Narcélio, CEO do TPAR e sócio do Splenda Port.
A VLI, concessionária da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), já se comprometeu a restabelecer o trecho ferroviário entre Varginha e Barra Mansa, mas sem a reativação do trajeto até Angra a carga que chega ao município do Vale do Paraíba precisará ser transportada pela Via Dutra ou trocada para vagões de outras ferrovias, aumentando o custo logístico.