Os empregados de frigoríficos começaram ontem (22), em nove Estados, uma mobilização para decidir o momento de deflagrar a greve aprovada na quarta, dia 21, durante o 5º Congresso Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins. Segundo a confederação do setor, esta será a primeira greve nacional da categoria, que reúne cerca de 500 mil profissionais. Eles reivindicam piso nacional de R$ 1 mil para a categoria, redução da jornada de trabalho e especificação das pausas de descanso durante o serviço.
Na manhã de quinta, o presidente do Conselho de Relações do Trabalho e Desenvolvimento Social da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Furlan, recebeu o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), Artur Bueno, junto com outros representantes do setor para conversar sobre as reivindicações. Segundo a assessoria de imprensa da CNI, a entidade está aberta à negociação e vai analisar a pauta.
A CNTA informou que o gesto da CNI, de receber os trabalhadores e aceitar marcar uma reunião com o presidente da entidade, Robson Andrade, não evitará a greve. Segundo a CNTA, a paralisação só não será deflagrada se as reivindicações forem atendidas integralmente. A primeira delas é o estabelecimento do piso nacional para os empregados de frigoríficos. De acordo com a CNTA, atualmente 28% desses profissionais recebem entre um e um salário mínimo e meio por mês.
A categoria também quer a redução da jornada diária de sete horas e 20 minutos para seis horas. Além disso, reivindica a especificação de intervalos para descanso de dez minutos a cada 50 minutos trabalhados e para o almoço. Os trabalhadores pedem ainda a presença de um médico do trabalho, não ligado à indústria, na planta da empresa.
Segundo a assessoria da CNTA, essas medidas visam a reduzir os elevados índices de reclamações entre os funcionários em relação a lesões por esforço repetitivo, alta umidade no local de trabalho e frio excessivo.
A mobilização começou pelos Estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso, do Paraná, Ceará, de Goiás e de Pernambuco.
– Foi determinada a necessidade de uma ação de grande porte, a fim de acabarmos com as péssimas condições de trabalho na área de alimentação, sobretudo nos frigoríficos, um dos setores mais ameaçados pela falta de estrutura, segurança e saúde do trabalhador – diz Artur Bueno.
A expectativa da CNTA é que até o dia 3 de outubro haja uma reunião com o presidente da CNI para buscar um acordo entre patrões e empregados.