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Negócios

Rendimento assume controle do Concórdia

<p>Banco Rendimento terá mais de 50% do capital do Concórdia. Operação ainda depende da aprovação do BC.</p>

O Banco Rendimento quer ampliar sua carteira de crédito, hoje de R$ 350 milhões, para R$ 500 milhões nos próximos seis meses com a compra do controle do Banco Concórdia. A operação foi aprovada pelos acionistas das duas instituições na segunda-feira e o protocolo de intenções da compra foi assinado ontem (30/09). Com a operação, que depende agora da aprovação do Banco Central (BC), o Banco Rendimento terá mais de 50% do capital do Concórdia. Já Luis Gotardo Furlan e Caio Weil Villares, respectivamente filho e genro do ex-ministro e ex-presidente do Conselho da Sadia – antiga dona do Concórdia-, Luis Fernando Furlan, ficarão como sócios minoritários, com cerca de 25%.

A operação envolveu a compra da participação da Concórdia Holding Financeira pelos novos sócios. A holding, que representa as famílias Furlan e Fontana, antigos controladores da Sadia, ficou com o banco e a Corretora Concórdia. As instituições ficaram de fora do processo de venda da Sadia para a Perdigão e que criou a BRF.

Segundo Villares, a ideia inicial era vender banco e corretora juntos. “Mas percebemos que isso acabaria eliminando o valor da corretora”, explicou. No início, apareceram 60 interessados no banco, número que caiu para cinco na reta final. “A opção pelo Banco Rendimento foi também pela afinidade com o novo controlador”, diz Villares, lembrando que o principal executivo do Rendimento, Abramo Douek, era cliente da Corretora Concórdia.

Douek comandará os dois bancos, que seguirão separados, inclusive fisicamente, e devem manter suas especialidades: o Rendimento no segmento de câmbio e o Concórdia no crédito para empresas. O interesse pelo Concórdia foi justamente pela especialização no segmento de pequenas e médias empresas do agronegócio e do varejo, muitas fornecedoras ou clientes da Sadia. “A ideia é explorar nichos”, acrescenta Villares. Hoje, o Banco Concórdia está praticamente parado, com apenas R$ 7 milhões em operações de crédito e 70% do patrimônio líquido, de R$ 35 milhões, em caixa. O alvo do banco serão empresas com faturamento entre R$ 40 milhões e R$ 300 milhões, diz Douek.

A proposta é que a corretora, que fica com a família Furlan, trabalhe em parceria com o novo Banco Concórdia. A corretora é forte no mercado de capitais e na gestão de recursos, especialmente na montagem de fundos de direitos creditórios (Fidcs) e fundos de investimento. São R$ 4,2 bilhões sob gestão, dos quais R$ 2,4 bilhões em Fidcs e R$ 1,7 bilhão em fundos.

O processo de venda da corretora foi o mesmo do banco: o ex-ministro Furlan, o filho e o genro compraram a participação da holding das famílias e devem ficar cada um com mais ou menos um terço do capital da instituição. Villares esclarece, porém, que o ex-ministro vai ser mais um investidor, participando apenas de alguns projetos especiais.

A corretora perdeu mercado com os problemas vividos pela Sadia, reconhecem os sócios. “Mas é uma corretora tradicional, com 23 anos de mercado, e que tem muito espaço para crescer”, diz Villares. A corretora pretende se reaproximar dos clientes institucionais e também lançar um sistema de negociação pessoas físicas, o chamado home broker, projeto que parou por conta da crise na Sadia. “Temos muitos projetos para a corretora, para aproveitar esse ambiente onde a queda dos juros vai incentivar mais o investimento em ações”, diz Luis Gotardo.

Aos 25 anos, o filho de Furlan é formado pela Fundação Getúlio Vargas e trabalhou em consultorias de empresas. Já Villares trabalhou na área de gestão de recursos do Citibank no Brasil e no private bank do UBS em Nova York. Villares, que já tinha experiência na gestão de recursos do pai após a venda da empresa da família há 12 anos, a Indústrias Villares, foi chamado para ajudar durante a crise da Sadia, e acabou tocando também a parte das instituições financeiras da família. “Minha vinda para cá foi em função da crise”, diz. Ele esclarece, porém, que o dia a dia da corretora ficará a cargo dos atuais diretores, Antonio Joel Rosa e Ricardo Gattai. “Mas devemos participar pessoalmente de outros projetos especiais”, diz Villares.