O Rio Grande do Sul irá se beneficiar comercialmente, e muito, na medida em que conquistar o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, junto à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), em maio de 2021. A partir do reconhecimento, se abrirão novos mercados importadores de carnes suína e bovina e os produtores gaúchos poderão, inclusive, receber melhores preços pela proteína animal. Estas foram algumas das projeções feitas hoje por autoridades durante o Fórum Estadual de Vigilância contra a Febre Aftosa. “Quem olhar para o nosso país vai ver um bloco (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) consolidado porque tem cuidados, tem vigilância”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
Segundo Santin, Santa Catarina, que já é livre de febre aftosa sem vacinação há 13 anos, exporta mais do que o dobro do volume de carne suína embarcada pelo Rio Grande do Sul. A partir da nova condição sanitária, destaca que os gaúchos poderão acessar grandes mercados como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos hoje abertos apenas para os catarinenses. O secretário adjunto de Defesa Agropecuária no Ministério da Agricultura, Márcio Rezende Evaristo Carlos, alertou, no entanto, que a ampliação ou abertura de mercados não é automática. “Tem procedimento que não acontece do dia para noite”, comentou, ao explicar que as exportações envolvem tratativas comerciais, requisitos sanitários, acompanhamento dos controles e outros.
Desta forma, foi consenso entre os participantes do evento que, além do novo patamar sanitário ser referendado na OIE, o Estado precisa trabalhar para mantê-lo. O presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, reforçou a necessidade dos produtores monitorarem constantemente seu rebanho, dos órgãos oficiais exercerem a fiscalização e de os setores públicos e privados continuarem agindo no fortalecimento do sistema de defesa sanitária.
A diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura (Seapdr), Rosane Collares, ao apresentar o andamento do plano estratégico para a evolução do status, lembrou, entre outros, que o programa Sentinela, criado neste ano para melhorar a vigilância nas fronteiras com Uruguai e Argentina, já percorreu 16 mil quilômetros de estradas. Disse ainda que foram contratados 150 auxiliares administrativos que se somarão aos 786 servidores que atuam na área de defesa animal. Anunciou ainda que, assim que for revogado em 2021 o decreto de contingenciamento de gastos vigente no Estado, a Seapdr estará com o processo pronto para um possível lançamento de edital de concurso público para novos fiscais estaduais agropecuários.