O trigo recuou na bolsa de Chicago nesta segunda-feira, pressionado pela perspectiva de aumento da oferta russa. Os contratos do cereal para março, os de maior liquidez, caíram 2,04%, a US$ 7,8075 por bushel.
“A oferta de trigo na Rússia segue pressionando o mercado, ainda que os embarques caminhem ‘de lado’ neste momento. O preço do cereal russo está na casa de US$ 350 a tonelada, abaixo dos US$ 420 do trigo americano”, avalia Marcelo de Baco, corredor no mercado de trigo.
Consultorias privadas estimam que a Rússia vai colher mais de 100 milhões de toneladas na safra 2022/23. Baco acredita, por outro lado, que o declínio das cotações não deverá perdurar, já que há problemas na colheita no Hemisfério Sul. Ele cita a quebra na safra da Argentina, que comprometeu o excedente exportável, e a piora na qualidade do trigo australiano.
Com a continuidade do corredor de grãos ucranianos pelo Mar Negro precificado, Marcelo de Baco diz que os investidores agora devem acompanhar a fase final do plantio de trigo de inverno no Hemisfério Norte, onde a situação climática abre espaço para aumentos de preços.
“O mercado pode reagir aos próximos relatórios de plantio da Rússia, Ucrânia, União Europeia, Estados Unidos e Canadá, que são os cinco maiores exportadores de trigo do Hemisfério Norte. Em outubro, o clima foi mais seco do que no mesmo mês do ano passado, mas os possíveis efeitos serão sentidos apenas quando o inverno terminar nessas áreas”, disse.