Em um cenário climático até o momento muito diferente da temporada anterior, o Brasil deve colher um novo recorde de 143,75 milhões de toneladas de soja na safra 2021/22, conforme pesquisa realizada pela Reuters, contando com expansão de áreas e chuvas favoráveis ao plantio que devem se espalhar pelo país em outubro.
Se confirmado, o volume representará uma alta de 5,77% em relação aos 135,9 milhões de toneladas apontados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra passada.
De acordo com avaliações de 11 analistas, a área plantada no maior produtor e exportador global da oleaginosa também pode alcançar uma máxima histórica, estimada em 40,3 milhões de toneladas e 4,62% acima do ano anterior.
A expansão de áreas vem na expectativa de rentabilidade alta para o produtor, que também já está capitalizado pela remuneração vinda de safras anteriores, disse à Reuters o analista de mercado da Céleres Enilson Nogueira.
“É uma combinação da boa rentabilidade ao sojicultor nos últimos dois anos, demanda interna e externa em crescimento e preços em dólar e real historicamente elevados –inclusive com negócios já travados em níveis remuneradores para safra 21/22”, afirmou ele.
Nogueira ressaltou que indicadores da cadeia produtiva, como venda de semente e fertilizante, têm mostrado o forte interesse do agricultor, o que, além de indicar ânimo para crescimento, pode sinalizar melhora do pacote tecnológico para novo ciclo.
Um ponto de alerta fica para o atraso nas entregas de potássio, em meio à forte demanda por fertilizantes e problemas relacionados à oferta, que podem gerar risco ao plantio, conforme reportagem publicada pela Reuters nesta semana.
Caso este problema não se agrave, o analista da IHS Markit Aedson Pereira acredita que o destaque de crescimento de área irá para os Estados que fazem parte do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), apoiados pela melhora de escoamento pelos portos do Arco Norte.
“É possível enxergar avanços em Mato Grosso e também no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai”, disse ele.
Chuva boa
O Brasil já iniciou o plantio da safra 2021/22 de soja em linha com a janela ideal e tende a contar com chuvas generalizadas em grande parte das regiões produtoras do Centro-Oeste, Tocantins, Pará e Rondônia já neste final de semana, disse o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos em boletim nesta sexta-feira.
“As condições que até agora estavam extremamente secas em todo o centro-sul do Brasil começam a melhorar”, disse ele, ressaltando que chuvas previstas para os próximos 15 dias darão condições para avanço do plantio da soja e milho primeira safra em praticamente todo o Brasil.
A implantação da lavoura da oleaginosa nesse período ainda contribui para uma segunda safra de milho e algodão também dentro da janela climática, após a colheita da soja, acrescentou o meteorologista da Somar Celso Oliveira.
No ano passado, a falta de chuva atrasou o plantio, o que prejudicou também a implantação da segunda safra.
Sobre a ocorrência de La Niña, Oliveira disse que o fenômeno está confirmado, porém com baixa intensidade, o que por enquanto não indica comprometimento ao plantio de verão –cujo clima será guiado pela temperatura das águas do Atlântico.