Redação (19/07/06)– A Gripe Aviária se espalhou no final do ano passado e início deste ano pela Ásia, Europa e África. Os estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná tiveram focos de febre aftosa no final do ano passado. Neste mês, foi confirmado um caso de Newcastle no interior do Rio Grande do Sul.
Enquanto isso, Santa Catarina continua livre, como uma ilha de sanidade animal em meio à ameaça dos vírus. No entanto, esconde-se por trás destes problemas uma guerra comercial intensa, na qual o Estado sofre algumas baixas. A qualidade sanitária do seu rebanho foi um dos fatores que levou Santa Catarina a tornar-se o maior exportador de aves e suínos do país, com um faturamento anual de US$ 1,5 bilhão. Atualmente, são proibidos animais vivos como aves, bovinos, suínos, ovinos e bubalinos, a não ser a passagem por corredores sanitários com destino a outros estados.
Santa Catarina é hoje o único Estado brasileiro livre de aftosa sem vacinação. Somente SC e o Chile tem essa condição na América do Sul. Isso se deve a um trabalho desenvolvido entre Estado, produtores e indústria. Na década de 1990, o Estado foi o único que vacinou seu rebanho bovino com acompanhamento de técnicos, o que permitiu a eliminação do vírus da aftosa e a suspensão da vacinação, há seis anos. De acordo com o secretário da Agricultura do Estado, Felipe Luz, a vacinação acaba mascarando a presença do vírus. Ele diz que, por enquanto, não vai permitir a entrada de aves em SC, pois a produção do Estado é auto-suficiente.
O número de barreiras aumentou de 41 para 73 desde o ano passado. Houve o reforço de 398 profissionais. O presidente da Cidasc, Hamilton Farias, diz que é preciso vontade política para manter um serviço veterinário forte. Apesar do alto custo do sistema, Santa Catarina recebeu apenas R$ 600 mil do governo federal neste ano para sanidade animal. Nos próximos meses, uma auditoria do Ministério da Agricultura vai avaliar o sistema catarinense, em preparação para a vinda de uma missão européia.
Santa Catarina quer buscar o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal, para conquistar novos mercados, principalmente à carne suína. Somente o México compra 200 mil toneladas/ano, segundo Felipe Luz.
Gripe Aviária
A Gripe Aviária é uma das doenças mais temidas no momento, pelo medo de que o vírus H5N1 possa sofrer uma mutação e ser transmitido entre os humanos. Por enquanto só foram registradas contaminações de aves para humanos e em locais de criações precárias. Mais de uma centena de pessoas já morreram vítima das doença. A doença não chegou ao Brasil e nunca foi registrada em Santa Catarina.
Impacto econômico
O temor da doença causou uma queda de 8% nas exportações brasileiras no primeiro semestre. Em SC, mil pessoas foram demitidas neste ano, de acordo com a Federação dos Trabalhadores nas Indústria de Carnes e Afins (Fetiaesc). O risco maior é de que a doença chegue a América do Norte e, posteriormente, atinja o Brasil por aves migratórias.