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Segurança Alimentar

Desafio da indústria de alimentos é produzir mais e melhor, para atender as exigências do consumidor moderno.

Da Redação 12/11/2003 – 08h35 – O consumidor final está mais atento do que nunca ao que leva à mesa. Quer saber de onde vem o alimento, como foi tratado o animal e que empresa o produziu. A ocorrência da vaca louca fez com que os europeus acelerassem a mudança de comportamento em relação aos alimentos. Eles saíram na frente e, hoje, a segurança alimentar é lei no continente.

O consultor inglês Jon Ratcliff, especialista em legislação de segurança alimentar, informa que a qualidade do alimento, seu sabor, os valores nutricionais e até o meio ambiente estão incluídos entre as exigências da Agência Européia de Segurança Alimentar, criada com a finalidade básica de cuidar dos padrões da cadeia de alimentos, em que o produto deve ser rastreado da fazenda à mesa.

“Todos os países que exportam alimentos para a UE precisam atender essas determinações. Em outras palavras, o Brasil, importante parceiro comercial da Europa, com vendas de carne bovina, de frango e outros produtos de origem animal precisa respeitar e, mais do que isso, atender essas demandas”, explica Ratcliff. O consultor veio ao Brasil a convite da Alltech, empresa de soluções naturais para saúde e alimentação animal, falar com organizações avícolas e suinícolas e participar do painel sobre Segurança Alimentar no 9 Congresso Mundial de Produção Animal, realizado em Porto Alegre na última semana de outubro, e que reuniu cerca de 2.000 especialistas em alimentação animal de mais de 30 países.

Elinor McCartney, profissional com mais de 20 anos de experiência em desenvolvimento e regulamentação de produtos na Europa, também veio ao Brasil a convite da Alltech participar do painel sobre Segurança Alimentar. A uma atenta platéia, Elinor fez coro às informações trazidas por Jon Ratcliff, ressaltando que as expectativas na União Européia em relação à legislação e à capacidade de rastrear os alimentos de origem animal também estão baseadas nos aspectos sociais, políticos e ambientais. “Hoje, a União Européia é composta por 15 estados-membros, que discutem juntos as questões relacionadas à segurança alimentar e que dizem respeito a 40 milhões de consumidores. A partir de maio de 2004, serão mais dez nações participantes da UE. Todas as decisões são tomadas em comum e afetam a população do continente. Está claro para mim que a rastreabilidade e a segurança alimentar plena são fatores indiscutíveis”. Outra questão importante apresentada por Elinor McCartney trata da regulamentação dos processos sanitários: até 2005 eles devem ser controlados oficialmente, tanto para o alimento humano como para o alimento animal. “Se o produto precisar ser retirado do mercado ele o será”, diz.

Flávio Comim, professor de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisador sobre a desigualdade social e outros aspectos ligados à economia e ao bem-estar, também participou do painel sobre Segurança Alimentar, coordenado pela Alltech. “As questões ligadas à segurança alimentar devem caminhar em paralelo com as questões sócio-econômicas do planeta, uma vez que 600 milhões de pessoas têm distúrbios por falta de nutrientes, vitaminas, proteínas e carência de iodo e 125 milhões de crianças têm deficiências em vitamina A”, defende Comim. Para ele, produzir mais e melhor é fundamental, atendendo não apenas as exigências em termos de qualidade, mas ampliando a oferta de alimentos para as camadas populacionais subnutridas.