Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Seleção brasileira muda tradição de abate de suínos em cidade suíça

<p>Em Weggis, cidade que hospedará a seleção entre 22 de maio e 4 de junho, uma rotina histórica será alterada em razão dos visitantes brasileiros.</p><p></p>

Redação SI (09/05/06)- Nos últimos anos, a seleção viu o mito global em sua volta crescer de maneira assustadora. O exemplo mais recente e impressionante desse poder da aura do futebol brasileiro aconteceu em amistoso beneficente no Haiti em 2004, quando as estrelas pentacampeãs mundiais provocaram frenesi entre a multidão em desfile em carro aberto nas ruas de Porto Príncipe.

Mas o curioso e o pitoresco que cerca a seleção parece não ter limites. Durante a fase final de preparação da equipe de Carlos Alberto Parreira para a Copa do Mundo, em período de treinos e concentração na Suíça, mais um fato inusitado engrossará o folclore que ronda a seleção brasileira.

Em Weggis, cidade de pouco menos de quatro mil habitantes (3886, mais especificamente) que hospedará a seleção entre 22 de maio e 4 de junho, uma rotina histórica será alterada em razão dos ilustres visitantes brasileiros.

A cidade, localizada à beira do lago Lucerna e no pé dos Alpes suíços, é conhecida nacionalmente pelos criadores de suínos. Tradicionalmente, os animais são sacrificados no final da primavera e no começo do verão europeu. No entanto, para preservar o bem-estar dos visitantes, a data de abate será extraordinariamente transferida neste ano.

Durante o abate, a carcaça dos animais exala um forte cheiro, quase insuportável. Por isso, metade dos suínos será sacrificada antes da chegada dos brasileiros. As próximas levas serão atrasadas para depois da partida dos brasileiros para a Alemanha.

“Entendemos que a transferência de datas seria conveniente com os nossos visitantes. Afinal, é um evento importante, que não costuma acontecer por aqui”, afirma Sabrina Heppner, responsável pelo departamento de finanças de Weggis.

Pela já esperada perda de lucros, os criadores locais devem receber do município uma compensação financeira de cerca de 900 francos suíços.

“A maioria dos criadores está de acordo com a decisão que foi tomada. Alguns não gostaram, ninguém vai sair perdendo”, argumenta Heppner, que integra o grupo que administra a comuna de Weggis, espécie de prefeitura local.

Mas a influência da seleção de Ronaldinho e companhia na vida bucólica da cidade suíça vai além dos chiqueiros locais. A presença das estrelas brasileiras afetará o funcionamento do comércio, que terá expediente alterado e mais longo. Tradicionalmente, Weggis toda pára às 22 horas. Além desse horário, normalmente respeita-se um código informal de silêncio.

A presença dos visitantes famosos inspira a criatividade dos comerciantes de Weggis. Um açougue se prepara para vender a salsicha “Brasilia-Würste”, enquanto uma padaria da cidade inventou o “pão da Copa”.

A badalação verde-e-amarela é inusitada na história da cidade, que, assumidamente contagiada, exibe na página inicial de seu website o slogan “Weggis – onde os campeões do mundo treinam”.

O “furacão brasileiro” que chacoalhará a vida dos cidadãos da pequena Weggis por quase dez dias também inclui um roteiro de festas e eventos especiais de homenagem aos visitantes. Ao longo da estada do grupo de Parreira, celebrações temáticas acontecerão na cidade.

Também no período em que a seleção estiver na cidade, a ocupação hoteleira será total, afirma a administração local. Além do Park Hotel Weggis, que será exclusivo da delegação brasileira, outros 12 hotéis servirão os visitantes de Weggis. As diárias variam entre 50 e 170 euros.

Segundo as previsões do município, 10 mil visitantes diários são aguardados – a maioria de brasileiros. Ao todo, a região se prepara para oferecer hospedagem para 44 mil pessoas.

Um indício da ansiedade que já toma Weggis na espera pela seleção brasileira aconteceu na última semana, quando os pouco mais de 40 mil ingressos para os 14 treinos do time de Parreira na cidade se esgotaram em apenas dois dias.

No total, cem emissoras de TV de todo o mundo se credenciaram para cobrir a temporada de treinos da seleção na Suíça, propagando pelo mundo o nome da então desconhecida Weggis. Organizadores da cidade prometem perfeição de estrutura.

“As condições do campo estarão perfeitas. Estamos começando a colocar o gramado e devemos finalizar o trabalho antes do prazo. As acomodações de imprensa e torcida começarão a ser montadas em breve. Certamente teremos um belo estádio para o evento”, afirma Mario Obrist, diretor da empresa de máquinas de café que oferece as instalações de treinamento à seleção.

Também estão esgotadas as estradas para as partidas amistosas da seleção em Lucerna contra um combinado local, no dia 30 de maio, e contra a Nova Zelândia em Genebra, em 4 de junho.