O projeto cearense prevê a construção de uma Central Eólica Marítima em águas de Acaraú, um município do Litoral Oeste do Estado. Sua potência instalada será de 3,48 GW (gigawatts, o equivalente a 3.480 MW). O investimento previsto será de R$ 50 bilhões.
Na terça-feira passada, os dois parceiros entregaram ao Ibama os estudos dos seus projetos, incluindo os relativos à elaboração do EIA/Rima. A análise de todos os estudos demorará de três a cinco anos, segundo revela Lauro Fiúza Neto, sócio e diretor da Servtec Energia, que transmitiu estas informações à coluna.
Detalhe: a construção do empreendimento, mesmo depois de emitidas as licenças ambientais, só começará quando a energia a ser gerada tiver um ou mais compradores firmes.
O projeto previsto para o mar de Acaraú prevê a instalação de mais de 200 torres eólicas, cada uma com gerador de 15 MW.
Uma das empresas do Grupo Macquaire é o Macquaire Bank, um banco de investimento com sede em Sidney, que, segundo seu site, administra recursos da ordem de 737 bilhões de dólares australianos (o equivalente a US$ 690 bilhões na cotação de ontem).
Lauro Fiúza Neto disse que, além do projeto cearense, outros quatro serão implantados, um na região Sudeste e três no Sul do país.
Os australianos da Macquaire – revelou Lauro Neto – mostraram-se sensíveis ao momento atual do Brasil e aproximaram-se da Servtec, nascendo, então, a parceria, que começou a ser construída há um ano e que se consolidou na semana passada com a publicação do decreto do presidente Bolsonaro, regulamentando a construção e operação dos projetos eólicos offshore.
De acordo com Lauro Fiúza Neto – cujo pai, Lauro Fiúza Júnior, é sócio majoritário da Servtec e um dos fundadores da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica, da qual foi seu primeiro presidente e cujo Conselho de Administração já presidiu) – o decreto presidencial “põe um pouco de ordem” na área da eólica offshore, estabelecendo ações para os empreendedores e para o conjunto de organismos do Governo.
Para europeus, energia nuclear e gás são “neutros”
Ao decidir que a energia nuclear e o gás natural são energias verdes, a Comissão Europeia (CE) abriu ontem um debate para além das fronteiras do Velho Mundo. Até agora, a energia atômica e o gás eram malvistos pelos ambientalistas internacionais e por suas ONGs.
Essa reação negativa também se registra no Brasil, que já construiu as usinas Angra I, Angra II e Angra III, tendo planos para construir outras em áreas estratégias, incluindo as localizadas nas margens do rio São Francisco, no interior do Nordeste.
A energia nuclear abastece, praticamente, toda a França. A Alemanha – que fechou não faz muito tempo algumas de suas usinas atômicas – e vários outros países europeus são abastecidos por usinas movidas a gás natural e, também, por nucleares.
No Japão, onde um tsunami destruiu uma grande usina atômica, outra mais moderna foi construída. Cientistas apontam a energia nuclear como 100% limpa, ou seja, verde, pois não causa qualquer agressão ao meio ambiente. A não ser quando há um acidente, como o que destruiu a usina de Chernobyl, na Rússia, matando ou contaminando milhares de pessoas e causando graves prejuízos à fauna e à flora num raio de algumas centenas de quilômetros.
E o gás natural? Bem, a decisão da Comissão Europeia levou em conta o interesse político e econômico, de curto prazo, do continente, conturbado pela ameaça de guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Quase a metade do gás natural que abastece os países da Europa é fornecida pela Rússia, que ameaça invadir a Ucrânia, por onde passa o gasoduto que vai para a Europa. A outra metade tem, em sua maioria, origem na Líbia e na Argélia.
A decisão da CE de colocar a etiqueta de verde no gás natural e na energia nuclear, reforçará o interesse mundial pela produção do Hidrogênio Verde. Haverá um período de transição, menos poluente, até que o Hidrogênio e a Amônia Verdes se estabeleçam em sua plenitude.
Mas, de acordo com Santiago, há desvantagens: o lixo nuclear da usina precisa de ser armazenado em local seguro e isolado; a energia nuclear é muito cara, se comparada à energia solar, por exemplo; há risco de acidentes nucleares; há aquecimento de subsistemas aquáticos pela água do resfriamento dos reatores.
Um engenheiro especializado em energias renováveis manda dizer à coluna:
“Estamos diante de um ‘puxadinho eurocentrista’, que pretende ‘segurar’ ao máximo a expansão de rotas e o desenvolvimento de produtos e serviços a este quadrante do Hemisfério Sul do planeta, temendo perderem protagonismo, fruto da cultura colonizadora.”
Será mesmo?
Marquise e Cyrela juntas de novo
Reuniram-se ontem a diretora da Marquise Incorporações, engenheira Andréa Coelho, e o co-presidente da Cyrela, Efraim Horn.
Os dois definiram detalhes para o lançamento de mais um empreendimento com a marca Mandara, consolidando a parceria das duas partes, que vem desde a construção dos condomínios de praia Mandara Lanai e Kauai, no Porto das Dunas.
“O Mandara tornou-se uma marca forte, além de um destino turístico. E o novo Mandara chancelará esse sucesso, pois contará com uma assinatura internacional”, celebra Andrea Coelho, que prefere não revelar, por enquanto, detalhes do projeto, que, segundo ela, incorporará novidades arquitetônicas, paisagísticas e ambientais.
FIEC luta em Brasília contra juros
Podem aumentar os juros aplicados sobre os financiamentos dos recursos não rurais dos Fundos Constitucionais do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro Oeste (FCO).
Para evitar que isto aconteça, os presidentes das Federações das Indústrias dos estados das três regiões, inclusive o da Fiec, Ricardo Cavalcante, estão em Brasília reunidos desde ontem com senadores de vários partidos.
Entre as propostas em análise pelos empresários e senadores, estão a da previsão de juros pré e pós-fixados, a da possibilidade de migração das empresas e a da maior previsibilidade e estabilidade na taxa de juros dos três fundos.
O esforço das Federações das Indústrias dos estados daquelas três regiões é de extrema importância para evitar a inadimplência e a falência de empresas industriais, o aumento do desemprego e das desigualdades sociais e regionais.
A propósito: ontem, à tarde, Ricardo Cavalcante reuniu-se com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que conversaram sobre a regulamentação da MP 1016, que trata sobre a renegociação das dívidas das empresas com o FNE.
Comando da britânica BP visita pecém
O comando da gigante britânica BP, liderado por sua vice-presidente sênior de Energia & Gás, a italiana Federica Berra, visitará hoje o Complexo do Pecém, incluindoa ZPE-Ceará.
A BP celebrou, há poucos dias um Memorando de Entendimento com o Governo do Ceará para a instalação de um Hub de gás natural no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Estão em Fortaleza oito executivos da BP, entre os quais o presidente da British Petroleum Brasil, Mario Lindenhayn, que chegaram terça-feira à noite a Fortaleza, tendo ontem mantido reuniões com o governador Camilo Santana e com o secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior.
O projeto do Hub de gás natural da BP prevê o uso exclusivo de um píer do Porto do Pecém.