Minas Gerais foi o estado escolhido pela Shell para o desenvolvimento do primeiro projeto de energia solar da organização. A iniciativa surge no momento em que as gigantes do setor de óleo e gás se unem para aportar mais ativo renováveis no mundo, como parque eólicos e solares, e muitas delas de olho no potencial que o Brasil tem nesses segmentos. Estima-se que serão investidos mais de R$ 500 milhões.
A Shell pretende construir três usinas com um total de capacidade instalada de 130 megawatts em Brasilândia de Minas, que fica a 500 quilômetros de Belo Horizonte. O pedido de outorga foi encaminhado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e publicado no Diário Oficial da União.
Apesar de todo esse processo, ainda não há divulgação sobre o ritmo de construção do empreendimento. Porém, a companhia já pode inscrever os projetos em leilões realizados pelo governo para contratar novas usinas de geração, ou mesmo buscar a viabilização do investimento por meio de contratos de venda da produção futura no mercado livre de eletricidade.
O mercado livre de energia elétrica, ou Ambiente de Contratação Livre (ACL), é o ambiente em que os consumidores podem escolher livremente seus fornecedores de energia, o que se costuma dizer que têm direito à portabilidade da conta de luz. Nesse ambiente, consumidores e fornecedores negociam entre si as condições de contratação de energia. Atualmente, 80% da energia consumida pelas indústrias do País é adquirida no mercado livre de energia.
O segmento funciona da seguinte maneira: produtores entregam e recebem energia ao sistema, em seu centro de gravidade, assumido parcela das perdas entre o ponto de geração e este centro de gravidade; consumidores, de forma análoga, entregam e recebem energia ao sistema, em seu centro de gravidade, assumido parcela das perdas entre este centro de gravidade e o ponto de consumo, e o sistema garante oferta e qualidade do produto.
Globalmente, a Shell tem investido quase U$ 3 bilhões anuais em “novas energias”, ante uma meta inicial de entre U$1 bilhão e U$ 2 bilhões, exemplificando aportes feitos pela Shell em empresas de painéis solares e geração de energia eólica offshore, em alto mar.
Além da Shell, outras petroleiras, como a norueguesa Equinor e a francesa Total, já investiram recentemente na aquisição de projetos de geração renovável no Brasil. Mas para fazer frente a esse novo segmento de atuação, a Shell criou uma equipe totalmente focada para o setor solar.
Mas não só na tecnologia solar a Shell está interessada. O grupo já avalia maneiras de participar de outros projetos em renováveis. A companhia apresentou em Londres uma estratégia para reduzir emissões líquidas de gases do efeito estufa a zero até 2050. “A atual crise nos mercados de petróleo não irá atrapalhar o cumprimento dessas metas no longo prazo”, afirmou Ben van Beurden, presidente da companhia.