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Sob novo comando

<p>Suinocultores do Ceará elegem novo presidente. Entre as principais metas está o aumento do consumo da carne no Estado e exportações para a África.</p>

Redação SI 29/03/2005 – Vandick Ponte Lessa está há dois anos na suinocultura. Mantém uma propriedade de ciclo completo com 280 matrizes e um frigorífico que estruturou há seis meses. Ali produz cortes especiais congelados de carne suína, além de embutidos como lingüiça e mortadela. Entrou para a Associação dos Suinocultores do Ceará (ASCE) em 2003. No dia 07 de março deste ano foi eleito presidente da entidade. Ele assume com o desafio de aumentar o consumo per capita da carne suína numa região com um dos índices mais baixo do País e projeta que com a erradicação da Peste Suína Clássica o Estado pode se tornar um exportador, principalmente para o continente africano. Conheça as principais opiniões e metas do novo presidente da ASCE.

Aumentar o consumo
“Pretendemos ainda neste ano, por meio de uma empresa especializada em marketing, realizarmos um trabalho promocional em cima do consumo da carne suína. No nordeste ainda há muitos mitos em relação à carne e isto nos coloca como uma das regiões com menor consumo per capita do País. A principal ferramenta será a informação e para que ela chegue ao nosso público-alvo, vamos desenvolver palestras para médicos, nutricionistas e donas-de-casa. Também pretendemos fazer um trabalho de divulgação das características da carne suína em jornais, televisão e rádio, mostrando que ela tem baixos teores de gordura e é saudável.”

Abastecimento de grãos
“O nosso custo de produção hoje chega a ser quase 30% mais alto do que em estados como o Mato Grosso e Goiás exatamente por conta do milho. A única maneira de solucionar isto é o governo do estado oferecer recursos para que os agricultores potencializem a produção e melhorarem a produtividade de sacas por hectare, motivando a expansão das área plantadas. Outra questão – necessário aí uma parceira entre governo estadual e federal – seria promovermos o transporte ferroviário das regiões produtoras de grãos do centro-oeste para o nordeste. As rodovias estão muito ruins e chegam a mais que dobrar o preço. Acabei de fechar um milho Pep do Mato Grosso a R$ 11,00. Sabe quanto ele vai chegar aqui? A R$ 26,00. O frete rodoviário é mais caro que o próprio milho.”

Fortalecimento da associação

“Está havendo uma conscientização por parte dos suinocultores da importância de se melhorar a nossa arrecadação. Hoje ela é muito pequena e não possibilita o desenvolvimento das atividades que queremos. Também temos como prioridade alargarmos a nossa base de associados. Hoje são apenas 25, mas no passado já houve mais de 200. Ocorreu uma redução bastante drástica em nossa suinocultura, mas do ano passado para cá teve um crescimento de 15% nas matrizes. Minha meta é que continue crescendo, mas com sustentabilidade. Não adianta crescer sem estimular o consumo.”

Bolsa de Suínos
“Iniciamos com a Bolsa de Suínos e já estamos com pregões semanais com os principais suinocultores do Estado. Assim podemos estar sempre balizando o preço do quilo do cevado vivo e equilibrando oferta e demanda do produto, a exemplo do que já acontece em São Paulo e Minas Gerais.”

Mudanças estruturais
“A nossa associação está precisando de algumas mudanças organizacionais e administrativas. Queremos departamentalizar, deixando parte da diretoria responsável pelo levantamento de plantel e atendimento a novos suinocultores, oferecendo suporte técnico. Estamos pensando também em designar uma pessoa específica para cada área: uma em sanidade, outra em nutrição… Elas seriam responsáveis por angariar novos fornecedores para formarmos parcerias a fim de termos maior poder de barganha, diminuindo assim nossos custos. Uma comissão de sanidade poderia cobrar mais atitude para a erradicação da Peste Suína Clássica e também evitar que doenças como a Aujeszky, que ainda não chegaram ao nordeste, atinjam o nosso plantel.”

Peste Suína Clássica
“Tivemos um caso isolado no ano passado. Foi uma criação de 20 animais no interior e que era de fundo de quintal, mas repercutiu negativamente, apesar de não refletir a nossa realidade sanitária. Existe um esforço por parte dos órgãos estaduais competentes para que se consiga até o final de 2006 ou início de 2007 a certificação como zona livre. Para isto precisamos de toda a cooperação do Ministério da Agricultura com apoio da ABCS para que nosso plantel continue sendo imunizado de forma massiva e daqui a dois anos possamos pleitear a nossa posição como zona livre.”

Exportações futuras
“Dois frigoríficos – que por enquanto têm inspeção estadual – estão fazendo modificações para obterem o SIF. Como estrategicamente estamos muito bem posicionados, principalmente em relação à África, estamos fazendo contato com alguns países como Cabo Verde e Angola. Ambos já demonstraram interesse em importar produtos a base de carne suína de nosso Estado. Temos hoje um dos portos mais modernos do País, o Pecem. Na logística poderíamos compensar o nosso custo mais alto de produção. Não tenho dúvidas de que daqui a dois ou três anos estaremos exportando nossos produtos para a África.”