O ano de 2022 foi marcado por preços de soja em patamares elevados. A redução da oferta de soja esperada durante o início da safra 2021/22, impactada pela ausência de chuvas na América do Sul, deu suporte às cotações da soja desde janeiro de 2022. Não obstante, o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, duas super potências agrícolas, elevaram ainda mais as cotações de soja no mercado internacional.
As cotações de soja em CBOT chegaram a ultrapassar USD 17,00/bushel. As incertezas em relação às exportações ucranianas e em relação ao abastecimento de fertilizantes ofereciam suporte às cotações das principais commodities agrícolas. A alta dos preços da soja pressionou as margens de esmagamento chinesa, que reduziram os embarques de soja em 10 milhões de toneladas, se comparada ao volume embarcado em 2020/21.
Apesar da retração da demanda mundial, os estoques globais de soja permaneceram em níveis baixos ao final da temporada 2021/22. Os preços elevados impulsionaram o aumento da área plantada de soja, que será relevante em 2 dos 3 maiores produtores de soja. Nos Estados Unidos, enquanto a área plantada em 2022/23 foi bem similar à área semeada em 2021/22, o clima limitou significativamente a produção de soja, se comparada às estimativas iniciais. Nos últimos 5 meses, a produção de soja norte-americana foi revisada em 9 milhões de toneladas pelo USDA (Departamento de Agricultura Americano) e deverá alcançar uma produção total de 117 milhões de toneladas em 2022/23. Uma retração de 4 milhões de toneladas se comparado ao volume produzido durante a temporada passada.
Uma política de incentivo à produção de biocombustíveis (biodiesel e diesel verde) deverá incentivar o esmagamento de soja em território americano que poderá atingir um volume recorde de 60,5 milhões de toneladas, um aumento de 500 mil toneladas em relação à safra passada.
Já as exportações norte-americanas vêm sendo impactadas pelo baixo calado do Rio Mississipi, maior hidrovia utilizada para exportação de grãos nos Estados Unidos. Além do aumento dos fretes praticados para o escoamento da oleaginosa, há também uma redução do ritmo das exportações de soja neste início da temporada.
Para a safra 2022/23 é esperado uma redução de 2 milhões de toneladas no volume a ser exportado pelo segundo maior exportador da oleaginosa. É esperado que as exportações de soja alcancem 55 milhões de toneladas. Apesar da redução das exportações, é esperado que os estoques finais nos EUA atinjam o menor patamar dos últimos 6 anos, o que deve fazer com que as cotações de soja em CBOT permaneçam em patamares acima da média dos praticados nos últimos 5 anos. Os estoques de soja em 2022/23 deverão apresentar uma redução de 27% se comparado ao volume da safra passada.
Neste contexto, uma recomposição dos estoques globais da oleaginosa dependerá da produção a ser colhida pela América do Sul a partir de janeiro/23. Os preços elevados, as excelentes margens capturadas pelos produtores rurais e a disponibilidade de insumos foram fatores que impulsionaram o aumento da área plantada para a temporada 2022/23.