A soja e o trigo fecharam o pregão de hoje (24/9) em alta na bolsa de Chicago. No caso da oleaginosa, a valorização apoiou-se principalmente em um movimento de correção técnica. Os contratos da soja para novembro, que são os mais negociados, subiram 0,06%, a US$ 12,85 por bushel. O vencimento seguinte, para janeiro, também avançou 0,06% e fechou a US$ 12,9475 o bushel.
O analista de mercado Vlamir Brandalizze lembra que os contratos tiveram uma forte queda na segunda-feira. “Eles chegaram perto de US$ 12,50 por bushel, que é considerado o fundo do poço para os preços neste momento, e depois foram subindo em movimentos de correção técnica”, explica.
Além disso, a colheita nos Estados Unidos prossegue sem grandes novidades em relação à produtividade das lavouras. Brandalizze diz que alguns Estados americanos chegam a registrar quedas.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), os exportadores americanos acertaram vendas líquidas de 902,9 mil toneladas de soja na semana móvel encerrada dia 16, para entrega na safra atual (2021/22), acima da expectativa do mercado, mas cerca de 30% menos do que na mesma semana de 2020.
No Brasil, o plantio, onde o vazio sanitário chegou ao fim, está começando melhor do que no ano passado, como é o caso do sudoeste do Paraná, diz o analista. Na semana passada, as regiões tiveram boa chuva, e a previsão é de mais água nas próximas, apesar de esta semana ter sido um pouco mais seca.
Por seu lado, o Conselho Internacional de Grãos (IGC) manteve sua estimativa de produção mundial de soja em 380 milhões de toneladas em 2021/22, 5% maior que no ciclo passado. O consumo continuou previsto em 376 milhões de toneladas, acima das 361 milhões de 2020/21. Os estoques continuam estimados em 57 milhões de toneladas, 3 milhões mais que na temporada passada.
Com o mercado digerindo problemas na produção do Hemisfério Norte, os papéis do trigo para dezembro, que são os líquidos, avançaram 0,84%, a US$ 7,2375 o bushel. Na posição seguinte, o vencimento para março de 2022 subiu 0,84%, a US$ 7,3475 por bushel.
Brandalizze afirma que há perdas de produtividade e qualidade do trigo para panificação, o que explica a valorização um pouco mais significativa do que a da soja. Ele diz também que as baixas no milho ocorridas hoje podem ter relação com trocas de posições investidores trocando posições para o trigo.
Além disso, ontem, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) cortou em 1 milhão de toneladas sua perspectiva para 2021/22, agora em 781 milhões de toneladas, muito próximo do consumo projetado, de 783 milhões de toneladas.
O número jogou mais pressão ao quadro de oferta e demanda, embora o IGC também esteja estimando estoques de passagem maiores, de 270 milhões para 277 milhões de toneladas.
O milho recuou na sessão. Os contratos que vencem em dezembro caíram 0,47%, a US$ 5,2675 por bushel. A posição seguinte, para março de 2022, também caiu 0,47%, a US$ 5,345 por bushel.
O analista de mercado Vlamir Brandalizze afirma que o mercado não digeriu totalmente os problemas na incorporadora chinesa Evergrande. Desta forma, investidores tendem a mudar de posição e realizar lucros.
Assim como na soja, não há grandes novidades na produção do cereal, que transcorrem dentro do esperado nos Estados Unidos. Ontem, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que as vendas líquidas de milho ao exterior na semana até dia 16 ficaram em 373 mil toneladas para entrega na safra atual, um aumento de 51% ante o volume comercializado na semana anterior.
O dado reforçou a retomada dos embarques nos EUA após o furacão Ida paralisar por semanas o escoamento da safra americana para o exterior, mas os números ainda estão abaixo do normal para esta época do ano, que é marcada pelo início de colheita no país.
Logo após o relatório, o USDA notificou a venda de 138,4 mil toneladas de milho americano para a Guatemala. Exportadores dos EUA são obrigados a avisar o departamento sobre qualquer movimentação igual ou acima de 100 mil toneladas.
Também na quinta-feira, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) apontou que a produção mundial de milho chegará a 1,21 bilhão de toneladas em 2021/22, 0,67% mais que o previsto no relatório anterior e 7,4% acima da colheita de 2020/21, indicando um alívio no quadro de oferta e demanda para o cereal.
“Com safra maior nos EUA, manutenção da demanda e revisão nos estoques iniciais, prevemos que os estoques de milho estarão bem confortáveis em 2021/22”, escreveu o conselho.
A previsão é que o consumo mundial de milho fique em 1,2 bilhão de toneladas, 4,3% a mais que no ciclo passado. Os estoques foram calculados em 282 milhões de toneladas, um aumento de 3% ante o fim da safra passada.
No Brasil, o governo publicou ontem uma Medida Provisória para zerar a alíquota de PIS e Cofins incidente sobre a importação de milho até o fim deste ano. A iniciativa tem como objetivo baratear os custos para aquisição do cereal, em alta no mercado internacional e doméstico, principalmente para criadores de frangos e suínos.