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Soro de leite e ácido pantotênico como componentes de ganho financeiro na suinocultura - por Leandro Pereira

Após realizar pesquisas e experimentos, a Embrapa Suínos e Aves recomenda o uso de soro de leite na suinocultura, especialmente para as fases de crescimento e terminação

Soro de leite e ácido pantotênico como componentes de ganho financeiro na suinocultura - por Leandro Pereira

A Embrapa Suínos e Aves fez muitos experimentos e recomenda fortemente o uso de soro de leite, especialmente para as fases de crescimento e terminação, reduzindo por simples substituição os custos de produção, uma vez que é componente resultante da produção de queijos e de baixo valor financeiro para a indústria humana.

Nada mais adequado do que levar resíduos a custos atraentes e com vantagens comerciais para a dieta suína, considerado o alto custo de nutrição na produção de suínos no Brasil e a crescente demanda pela absorção de resíduos da indústria de alimentos para os humanos.

Esse coproduto tem vários componentes de alto valor nutricional, entre eles Hidratos de Carbono como a Lactose (até 13g/Kg) e, vale o destaque, Ácido Pantotênico (até 5mg/Kg).

Sobre o Ácido Pantotênico, mais conhecido por vitamina B5, experimentos diversos como os de Autrey et al (2002) ou mesmo a tese de mestrado do zootecnista brasileiro Douglas Morgonni apontam para melhoras diversas como redução do custo de produção em até 2,2%, aumento de massa magra em até 2%, aumento do lombo de alto valor financeiro em até 3% e uma das maiores demandas do consumidor atual de carne suína, redução da espessura do toicinho.

Naturalmente que esses resultados só são assegurados se o soro não passar por aquecimento convencional superior a 60°C, uma vez que em ambientes com PH não neutro e temperaturas elevadas desestruturam a B5. Por outro lado, a pasteurização não tem implicação significativa no comprometimento dessa vitamina.

Os mesmos estudos indicam que resultados práticos são alcançados com dietas diárias entre 15 e 120 ppm, mas a dieta seca convencional que tem milho como base chega a apenas 7ppm conforme Autrey et al (2002).

O Soro de Leite contém esse componente e quando usado em Alimentação Líquida para Suínos auxilia no suprimento da proporção ideal a custos atraentes. Apresentamos a seguir, a título de referência, um cenário de suíno adulto em fim de ciclo de terminação:

Empresas

Observa-se que usar Soro de Leite já assegura 21 ppm/dia e os resultados da literatura tendem a ser observados, mas para a maximização desses é interessante complementar para 100 ppm/dia, porém isso só é adequado com a devida correlação de custo e ganhos de produção.

A Embrapa Suínos e Aves sustenta que a ótima digestibilidade e palatabilidade desse coproduto estimula o consumo de comida, o que melhora o desempenho geral dos animais.

A depender da disponibilidade, região, transporte e preços praticados na aquisição do Soro de leite, a redução de custos quando em Alimentação Líquida para Suínos pode ser atraente. A proposta de equilíbrio é que a substituição da água por esse coproduto não pode acrescentar mais de 2% ao custo da ração habitual.

As observações da ALFA em suinocultores que o utilizam sugerem que é possível ter ganhos práticos de até 1,5% no custo total de produção quando comparado com a dieta seca tradicional baseada em milho. Vale ressaltar a importância de se analisar caso a caso, mas, não menos importante, refazer as contas a cada novo lote para não converter o lucro em prejuízo.

O percentual parece pequeno, mas essa informação é relevante em regiões com forte oferta do Soro de Leite, por exemplo, como Minas Gerais, que além de grande produtor de suínos com mais de 5 milhões de animais ainda produz 70 mil toneladas de queijo por ano disponibilizando 1,73 toneladas de Soro de Leite diariamente, podendo atender até 320 mil suínos se abastecidos por alimentação líquida.

Esse plantel viabilizaria lucro adicional de R$1,5 a R$3,5 Milhões anuais para seus proprietários, ou seja, 1 a 3 Kg/ano adicionais de carne equivalente por suíno, além dos ganhos de qualidade do produto final.

Para concluir, ressaltamos o enorme ativo ecológico de utilizar esse coproduto na suinocultura uma vez que ainda é prática comum despejá-lo em mananciais, então apresentamos aqui uma solução economicamente atraente para um problema atual quando acoplamos o uso do Soro de Leite à Alimentação Líquida para Suínos.