Na tentativa de conter a influenza A (H1N1), o governo de São Paulo decidiu, ontem (28/07), adiar a volta às aulas em duas semanas nas escolas públicas e recomendar o mesmo para as particulares. Depois do anúncio, a USP, a Unesp, a Unicamp e o Centro Paulo Souza também adotaram a medida. Já a prefeitura paulistana, além de prorrogar as férias escolares, resolveu fechar as creches, que não fazem recesso em julho, a partir de segunda-feira.
A decisão é consequência de uma orientação da Secretaria Estadual de Saúde, que diz que as aulas devem ser retomadas apenas em 17 de agosto, quando se espera que as temperaturas estejam mais amenas.
“Temos a esperança de que, com a chegada do calor, a partir de 15 de agosto, diminua o número de casos. Uma epidemia de gripe costuma ter prazo de oito semanas. Como os casos estão aumentando há quatro semanas, acreditamos que possa haver uma diminuição no próximo mês” , disse o secretário Luiz Roberto Barradas Barata.
A medida afetará 5,3 milhões de crianças da rede estadual e os cerca de 1 milhão de alunos da municipal – sendo 130 mil só nas creches. No Estado, ficará a cargo de cada escola definir a reposição. O município ainda não decidiu o que fazer.
“É uma situação dramática. Estamos entre duas possibilidades. Uma é as mães terem de achar alternativa para estes 15 dias. A outra é manter as aulas e haver problemas sérios com as crianças. Entre as duas, a mais grave é o risco de as crianças ficarem doentes” , afirmou o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider.
O sindicato das escolas particulares de São Paulo também recomendou que os colégios só voltem em 17 de agosto. Ontem, ao menos cinco já seguiram a orientação – Bandeirantes, Arquidiocesano, Dante Alighieri, Magno e Escola do Futuro.
A prorrogação das férias já havia sido adotada nesta semana pelas prefeituras de Indaiatuba, Osasco, Diadema, Campinas e Araraquara (SP). O mesmo aconteceu no Distrito Federal e nas escolas do Sesi-SP. Santo André fechará as escolas amanhã. O Estado do Rio de Janeiro anuncia amanhã uma decisão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou ontem que a maioria dos infectados no mundo até agora está na idade escolar (12 a 17 anos). Por outro lado, pessoas de idade mais avançada formam a maior parte das hospitalizações. Já que muitos dos contágios ocorridos nos estágios iniciais da pandemia ocorreram em ambientes estudantis, a OMS admite que a suspensão de aulas e o fechamento de escolas podem ser uma medida eficiente, mas de efeito é limitado. “Fechar escolas pode reduzir a propagação, mas não evitá-la” , disse a porta-voz da organização, Aphaluck Bhatiasevi.
O Nordeste registrou ontem a primeira morte provocada pela gripe A. Segundo informações da Secretaria de Saúde da Paraíba, um homem de 31 anos de idade morreu durante a manhã no Hospital Universitário de João Pessoa. De acordo com a secretaria, a vítima sofria de doença pulmonar crônica e teria sentido os primeiros sintomas da gripe dia 22. Em Macaé (RJ), a prefeitura decretou situação de emergência em decorrência do aumento dos casos suspeitos de gripe A, apesar de nenhum caso da doença ter sido confirmado na cidade.