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Suinocultores recebem primeiro repasse do crédito de carbono

<p>Os suinocultores de MS ligados à Cooperativa Agropecuária São Gabriel do Oeste começam a receber, nesta semana, o primeiro repasse referente aos créditos de carbono gerados no ano de 2006.</p>

Redação SI (04/09/07) – Na última semana, a empresa canadense Agcert – que instalou os biodigestores nas granjas suinícolas e tem o direito de comercializar os créditos no mercado internacional – informou que repassará R$ 106 mil para a cooperativa, para posterior distribuição proporcional do valor entre os cooperados que já possuíam biodigestores nas propriedades no ano passado.

A Fazenda Monte Azul – a maior granja suinícola de São Gabriel do Oeste – foi a pioneira na instalação de projetos denominados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo. Em julho de 2005, inaugurou quatro células de biodigestores na propriedade. De acordo com o diretor da propriedade, José Alberto Pinesso, a granja receberá na próxima semana cerca de R$ 26 mil relativos aos créditos de carbono do ano de 2006.

Segundo o presidente da Cooasgo, Jair Antonio Borgmann, o número de produtores beneficiados com o crédito, ou seja, aqueles que já possuíam biodigestores instalados em 2006, é de aproximadamente 20 produtores. "Isso é muito positivo, pois, além de a empresa instalar todo o equipamento sem custos ao produtor, obtivemos excelentes ganhos com outras modificações provocadas pelos biodigestores nas propriedades e, agora, ganharemos uma renda extra referente aos créditos de carbono", disse. Ele explica que algumas granjas já tinham biodigestores em 2005, mas os créditos passaram a ser contabilizados apenas a partir de 1º de janeiro de 2006, e por isso os produtores receberão os primeiros pagamentos relativos aos créditos nesta semana.

Hoje, a Cooasgo tem 206 cooperados, mas apenas 38 são suinocultores. Segundo Jair Borgmann, 70% dos produtores de suínos ligados à cooperativa possuem biodigestores instalados e a expectativa é que os equipamentos sejam instalados em todas as granjas até dezembro.

Estudo revela mudanças ocorridas em granjas:

Os biodigestores são um divisor de águas para a suinocultura sul-mato-grossense, especialmente na região de São Gabriel do Oeste, pois os equipamentos instalados nas granjas produtoras contribuíram para a transformação de uma atividade extremamente poluidora e, praticamente, inviável ambientalmente, em uma produção com significativos aspectos de sustentabilidade, minimizando o impacto ambiental e devolvendo a licença ambiental para as granjas. Esta foi a principal conclusão de um estudo sobre as modificações provocadas nas granjas suinícolas de MS, apresentado na última semana no 2º Colóquio Internacional de Desenvolvimento Local, realizado na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

De acordo com o estudo, a abertura do mercado de créditos de carbono foi o principal fator que motivou os investimentos na instalação dos biodigestores responsáveis também pelas alterações nos processos produtivos das propriedades ligadas à suinocultura, mas os ganhos com a comercialização destes créditos, sob a ótica dos produtores, não representam as principais vantagens deste processo de mudança que a suinocultura vivencia nos últimos anos.

Um dos autores do estudo, o mestrando em agronegócios da UFMS, Andrei Almeida Andrade, revela que a devolução da viabilidade ambiental da atividade, aliada aos ganhos econômicos oriundos da utilização do biogás como matriz energética na propriedade e a redução na aquisição de insumos para as atividades agrícolas, em decorrência da utilização do biofertilizante, são apontadas como os principais benefícios destas transformações. "Notamos que os produtores consideram os valores recebidos pelos créditos de carbono como uma renda extra, com importância inferior frente aos demais ganhos obtidos com as modificações das propriedades", destacou.

Para os produtores, a conquista da licença ambiental para a continuação da atividade, a geração interna de energia nas propriedades, o uso do biofertilizante para irrigação de lavouras e pastos, além, da redução da emissão de gases nocivos ao meio ambiente com o tratamento dos dejetos representam os ganhos mais relevantes a partir dos biodigestores. Na Fazenda Monte Azul, por exemplo, a economia apenas com energia elétrica, que agora é gerada na propriedade, gira em torno de R$ 10 mil por mês.