Desde a década de 60, a família dos coronavírus vem sendo estudada por cientistas do mundo todo e são dezenas de espécies que infectam animais silvestres, como morcegos; animais de criação, como equinos, bovinos, suínos e aves; e animais de estimação, como cães e gatos, e mais recentemente, nós humanos.
Mas toda essa história começou há mais tempo e foi com as aves. Ainda na década de 1930, quando foi descrita uma doença que até hoje atinge esses animais, a bronquite infecciosa, primeira doença consolidada como causada por um coronavírus. Após esse ocorrido, várias doenças foram descritas até que a família dos coronavírus começou a ser formalizada por volta dos anos 60 e, desde então, os estudos mais aprofundados continuaram.
Foram essas pesquisas, que até o momento, nos dão a informação de que os coronavírus dos animais não passam para o homem, assim como o novo coronavírus não passa para os animais. Cada animal tem seu próprio coronavírus.
A Covid-19 assusta a humanidade, mas ainda não se sabe a origem desta doença, sendo o morcego, o único animal até hoje que tem relato de passar o coronavírus para os humanos. Há duas hipóteses para explicar a transmissão do vírus do morcego ao homem, sendo a primeira de que o vírus já no hospedeiro simplesmente infectou um humano por um contato próximo. A outra hipótese é a de que o vírus foi se adaptando às pessoas, ou seja, sofreu mutação.
Especificamente, em suínos, no Brasil não há registros de ocorrência da doença, mas nos EUA, em 2013, houve o surgimento de um coronavírus muito virulento que parou a produção de suínos em grande parte do país, o vírus da PEDv (Diarreia Epidêmica Suína).
A primeira vacina contra o coronavírus nos animais surgiu na década de 70 para as aves, em uma corrida para reduzir as perdas na criação. Atualmente existem vacinas para aves, bovinos, suínos e caninos. Já equinos e felinos, ainda não existem vacinas disponíveis.
De acordo com orientações dos órgãos de saúde, tanto em humanos e animais, a transmissão pode ocorrer de três formas: por vias respiratórias, pelo ar e por gotículas provenientes de espirros e de indivíduos infectados; por contato físico, quando essas gotículas com o vírus alcançam mucosas do olho, nariz e boca; por meio do contato de superfícies contaminadas, quando essas gotículas com o vírus ficam depositadas em locais de acesso comum e depois entram em contato com mucosas do olho, nariz e boca.
O COVID-19 nos humanos se manifesta com os sintomas de: tosse seca, febre e cansaço, que são os principais, mas alguns pacientes podem sentir dores no corpo, congestionamento nasal, inflamação na garganta ou diarreia. Nos casos mais graves, que geralmente ocorrem em pessoas que já apresentam outras doenças associadas, há síndrome respiratória aguda e insuficiência renal.
Como principais medidas preventivas contra o novo coronavírus, somos orientados a higienizar as mãos e superfícies de contato comum. Mesmo com as mãos limpas, evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca. Além disso, é preciso limpar regularmente o ambiente e mantê-lo ventilado. O uso de máscaras é recomendado somente para pessoas saudáveis, e caso estejam convivendo com uma pessoa positiva e/ou suspeita de coronavírus. Também deve ser usada por quem está tossindo ou com o nariz que apresentar coriza. Também recomenda-se que não seja feito o compartilhamento de itens pessoais, como talheres e toalhas, bem como manter a uma distância mínima de um metro de pessoas que estejam espirrando ou tossindo.
Não só na suinocultura, mas todos os sistemas de criação animal no país, deverão neste momento seguir como forma de aviso e aprendizado, rigorosamente todas os protocolos de biosseguridade: limitar a exposição, acesso de terceiros, principalmente aqueles que circulam por diferentes unidades. Em casos de visitas necessárias, que seja respeitado o vazio sanitário bem como as medidas de biosseguridade estabelecidas no protocolo de cada unidade.
Desta forma, buscamos a proteção máxima dos colaboradores e animais, bem como nos antecedendo a possíveis e novos surtos não só por coronavírus, mas qualquer outro potencial patógeno que podem levar a sérios impactos econômicos.
Também devendo fazer parte do protocolo de biosseguridade, é prudente neste momento, estabelecermos medidas de acompanhamento de saúde dos colaboradores, principalmente os que manifestarem os sintomas suspeitos como gripe, coriza, espirro e tosse. Recomenda-se isolamento, quarentena e repouso em casa, evitando a disseminação aos demais colaboradores.
Cabe a cada um de nós, produtores, profissionais e empresas, nos comprometermos em levar informações e mudar a mentalidade da forma com que precisamos encarar a sanidade.
Medidas de biosseguridade se mostram cada vez mais essenciais e vitais para a cadeia produtiva. A prevenção e controle ainda são os melhores remédios para a saúde dos animais e a saúde financeira da atividade.
Além de desafios sanitários, medidas restritivas também estão sendo adotadas no processo produtivo, portanto, vamos ligar o alerta e começar a agir enquanto ainda há tempo, antes que as medidas preventivas se tornem medidas de urgência e emergência, a exemplo dos EUA (PEDv), China (PSA) e do coronavírus no mundo.
Diante de toda carga de informações, primeiro precisamos filtrá-las e, a fim de verificar a veracidade, agir de forma cautelosa sem ser irresponsável. Ter cuidado com as informações falsas e atender às normas estabelecidas de cuidados e prevenção à contaminação.
A lição no momento é a de que devemos tentar nos adiantar a esses eventos de novas doenças por meios de conhecimentos simples, hábitos de higiene pessoal e interação social, investindo em ciência, pesquisa, educação e extensão rural.