O aumento dos custos da suinocultura e a baixo valor recebido pelos criadores independentes está colocando o segmento à beira de uma crise, segundo alerta da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Durante reunião em Brasília, os suinocultores pediram crédito para retenção de matrizes, desoneração fiscal nas importações de milho e prorrogação por um ano das parcelas de custeio pecuário.
Em ofício entregue hoje (26/1) à ministra, a entidade relata ainda preocupação com a estiagem no Sul do país e a possibilidade de um déficit de grãos no mercado interno. Segundo a ABCS, desde março do ano passado, os suinocultores têm trabalho “no prejuízo, com os custos de produção maiores que o valor pago pelos animais”.
A ministra disse que o governo vai trabalhar em conjunto com o segmento para apresentar ações de curto, médio e longo prazos. “É uma crise realmente difícil de ser resolvida. Vocês [suinocultores] passam por um momento muito complicado, mas juntos vamos encontrar soluções para que nós possamos em breve ver a suinocultura exportando mais, vendendo mais, e o produtor recebendo a remuneração que pague os seus custos”, disse Tereza Cristina em vídeo divulgado pela ABCS.
Na lista de reivindicações da entidade estão o fomento a linhas de créditos para momentos de crise e manutenção da produção para produtores independentes, por meio das instituições bancárias que operam crédito rural; manutenção da isenção das alíquotas de contribuição de PIS e Cofins incidentes na importação do milho até dezembro de 2022; reativação da linha de crédito de custeio direcionada para a retenção de matrizes suínas e concessão de limite de crédito de R$ 2,5 milhões por beneficiário; e prorrogação do prazo de pagamento dos custeios pecuários em um ano.
Segundo dados do Cepea que a ABCS apresentou à ministra, entre fevereiro de 2020 e janeiro deste ano, a soja subiu 105% e o milho 80%, enquanto o preço pago pelo quilo da carcaça suína aumentou apenas 17%, com pico de 75% em novembro de 2020.
“Em quase todos os Estados, a margem de lucro com a atividade nesse último mês foi negativa devido ao alto custo de produção e aos baixos valores pagos aos produtores independentes. Com isso, a relação de troca do suíno com os insumos é a pior dos últimos meses”, diz o documento da associação.