A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que também atuou como ministra da Agricultura, expressou críticas à posição do governo federal em relação ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Em uma palestra realizada hoje na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Tereza Cristina afirmou que o governo está usando desculpas para atrasar a continuação desse acordo. Ela argumentou que as preocupações com a abertura das compras governamentais não superam os benefícios que o acordo traria ao Brasil. Tereza Cristina participou das negociações do acordo.
Embora o tratado tenha sido assinado pelos blocos em junho de 2019, ele ainda aguarda ratificação. Os países do Mercosul estão questionando as demandas ambientais adicionais impostas pela UE, conhecidas como “side letter”. O bloco deve apresentar uma contraproposta à UE até 17 de setembro.
Tereza Cristina observou que, além do Brasil, o Paraguai e a Argentina também têm objeções à abertura das compras governamentais para empresas europeias, enquanto o Uruguai concorda com essa medida. Ela alertou que se o acordo for reaberto para renegociar essa questão, corre-se o risco de perder o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, colocando em risco mais de 20 anos de negociações.
Sobre o “side letter”, a ex-ministra argumentou que não se esperava que as restrições fossem tão severas quanto relatadas, mas enfatizou que o acordo deve respeitar o que foi originalmente acordado, sem novas exigências. Ela também defendeu a soberania do Brasil em relação à sua legislação ambiental.
Tereza Cristina destacou que o acordo resultaria em melhorias na qualidade dos produtos agropecuários brasileiros para atender aos padrões europeus. Com a implementação do acordo, 80% das exportações do setor agro seriam liberadas para o mercado europeu. Além disso, haveria investimentos em infraestrutura.
A ex-ministra expressou sua esperança de que os blocos concluam o acordo até o final do ano e alertou sobre o impacto negativo na imagem internacional do Brasil se o impasse não for superado, sugerindo que isso abriria um precedente de não cumprimento de acordos por parte do país.