A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou hoje que deve haver novidades sobre a possibilidade de importação de milho dos Estados Unidos ainda nesta semana. Com alta nos preços do cereal, as indústrias de carne querem ampliar os canais de compra do principal insumo da ração animal, mas dependem de aprovação da transgenia utilizada pelos americanos, maiores produtores mundiais, para trazer o grão ao Brasil.
“Devemos ter novidade da CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] nesta semana para poder entrar milho americano”, disse durante uma live nesta segunda-feira. Como o Brasil não produz os milhos geneticamente modificados cultivados pelos americanos, o órgão precisa autorizar a entrada dessas tecnologias no território nacional.
Tereza Cristina disse que está preocupada com possíveis perdas na segunda safra de milho, mas que não haverá falta do produto no Brasil. “Tivemos chuvas atrasadas que não devem recuperar o que se perdeu, mas manter o que se teve”, comentou. “São dados preocupantes. Com aumento das exportações de carne e do consumo tivemos empresas de proteína animal preocupadíssimas com medo de faltar milho. Não vai faltar, mas há preço elevado”, disse.
Ela reforçou que a receita para combater os preços altos é aumentar a produção interna. “Espero que a gente tenha mais milho na safra de verão. Tudo indica que os preços não cairão muito. O que precisamos agora é vacinar a população e ter emprego, fazer com que economia continue bem no segundo trimestre voltando a ter emprego para ter o crescimento que Brasil tanto precisa”.
Plano Safra 2021/22
A ministra afirmou que o Plano Safra 2021/22 vai cumprir a promessa de priorizar os agricultores familiares e os médios produtores. Ela ponderou, no entanto, que a conjuntura econômica é diferente da vivenciada em 2020 e que existem dificuldades fiscais a superar.
“Estamos na finalização dele [Plano Safra]. Vamos colocar muita força para os pequenos e médios produtores rurais”, afirmou durante uma live nesta segunda-feira. “Estamos cumprindo a promessa, colocando cada vez mais recursos e trabalhando com juros menores sempre. Claro que a conjuntura econômica é diferente da do ano passado, mas estamos trabalhando para que esse pequeno produtor tenha mais acesso, possa ter tecnologia”, completou.
A ministra disse que considera uma “incongruência” o pedido de algumas federações de agricultura para aumentar o valor de faturamento para enquadramento dos agricultores familiares. “Fico feliz quando vejo que saiu de pequeno para médio, é um ganho”, disse Tereza Cristina.
A justificativa do setor é que os preços dos produtos agrícolas aumentaram significativamente, puxando a receita dos produtores, o que pode desenquadrá-los do acesso ao Pronaf na próxima safra.
Nesta segunda-feira, a ministra reuniu-se com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para tratar da formulação do Plano Safra 2021/22. A expectativa é que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprove as regras nesta semana e as linhas de crédito sejam anunciadas na semana que vem. Ainda não há definição, porém, sobre o orçamento disponível para a equalização de juros da próxima temporada. Tereza Cristina ainda tenta incrementar o caixa em conversas com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Novos mercados no exterior
Na transmissão, a ministra disse que foram abertos 141 mercados internacionais para produtos agropecuários brasileiros desde o início da sua gestão na Pasta, no início de 2019. A meta, segundo ela, é alcançar 200 aberturas até o ano que vem, quando Tereza Cristina deixará o ministério para disputar as eleições.
Segundo a ministra, uma nova rodada de negociações para aberturas de mercado será feita, agora para vender os produtos das regiões com status sanitários de zonas livres de aftosa sem vacinação, conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) recentemente.
“Já entregamos ao governo japonês a carta do Ministério da Agricultura falando sobre o novo status dos Estados e estamos entregando ao Canadá, Coreia do Sul e outros países, para começar uma nova etapa, que é a iniciativa privada poder vender carne, nossa proteína e outras coisas que tem o impacto com esse status”, disse durante live nesta segunda-feira.
No fim de maio, a OIE concedeu a certificação sanitária para Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia e de parte do Amazonas e de Mato Grosso. Eles se juntam a Santa Catarina, que tem o status desde 2007.