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Trigo dispara na Bolsa de Chicago com aumento da tensão na Ucrânia

Papéis do cereal subiram mais de 7%; milho e soja também encerraram o dia em alta

Durum Wheat
Durum Wheat

O aumento das tensões na Ucrânia fez o preço do trigo disparar na bolsa de Chicago nesta terça-feira. Os papéis do cereal para dezembro, os de maior liquidez, subiram 7,62% (63,25 centavos de dólar), a US$ 8,9375 por bushel, seu maior patamar em três meses. Os lotes de segunda posição, para março do ano que vem, fecharam em alta de 7,18% (60,75 centavos de dólar), a US$ 9,0725 por bushel.

As notícias de que a Rússia pretende anexar regiões ocupadas na Ucrânia aumentaram as preocupações do mercado com a oferta de trigo. Os investidores temem que a decisão russa interrompa as exportações ucranianas pelo Mar Negro.

“Os comentários de Moscou de que não há perspectivas de negociação do fim da guerra na Ucrânia e [defendendo] os esforços para colocar rapidamente sob controle total da Rússia as regiões já ocupadas indicam que [o conflito] continuará por um longo período”, disse Joel Karlin, da Western Milling, à agência Dow Jones Newswires.

O Kremlin anunciou que fará referendos nas regiões ocupadas de Luhansk e Donestk para que elas se tornem oficialmente território russo. Com as votações, Moscou quer tentar legitimar a ocupação. O Ocidente considera o movimento ilegal.

O impasse tende a dificultar o escoamento de trigo e milho da Ucrânia e da própria Rússia, além de impedir o plantio completo da próxima safra.

O clima quente nas regiões produtoras de trigo dos Estados Unidos também ofereceu sustentação ao trigo na sessão de hoje. Segundo o Departamento de Agricultura americano (USDA), a colheita do cereal chegou a 94% da área até o último domingo. Em igual período do ano passado, os trabalhos já haviam terminado.

Milho

Nas negociações do milho, os contratos para dezembro, os mais negociados em Chicago, fecharam em alta de 2,03% (13,75 centavos de dólar), a US$ 6,92 por bushel. Já os papéis de segunda posição, para março do ano que vem, avançaram 1,94% (13,25 centavos de dólar), a US$ 6,9675 por bushel.

O consultor Vlamir Brandalizze disse que as condições das lavouras nos EUA deram sustentação às cotações. Segundo o USDA, até ontem, 52% da safra estava em boas ou excelentes condições, 27%, em situação regular, e 21% em circunstâncias ruins ou muito ruins. Uma semana antes, os percentuais eram de 53%, 27% e 20%, nessa ordem.

O órgão informou que a colheita do cereal da safra 2022/23 já ocorreu em 7% da área de cultivo previsto. O ritmo é inferior ao do mesmo período do ano passado (9%) e também à média dos últimos cinco anos (8%).

Soja

A soja também avançou. Os papéis da oleaginosa para novembro, os de maior liquidez, subiram 1,20% (17,50 centavos de dólar), a US$ 14,7875 por bushel, e os lotes de segunda posição, para janeiro do ano que vem, encerraram o dia em alta de 1,16% (17 centavos de dólar), a US$ 14,8450 por bushel.

O USDA informou que, até ontem, 55% das plantações estavam boas ou excelentes condições, 1 ponto percentual a menos que o quadro de uma semana atrás. As lavouras em situação regular passaram de 29% para 30% entre uma semana e outra, e as que estavam em condições ruins ou muito ruins continuaram a representar 15% do total.

Vlamir Brandalizze diz que a demanda crescente pelo farelo de soja também ofereceu suporte às cotações. Segundo ele, começou a faltar matéria-prima para ração justamente no momento em que o inverno se aproxima na Europa.

Os europeus deverão ter problemas com a oferta de energia, explica o consultor, porque a Rússia decidiu limitar a oferta de gás natural. Sem energia para manter os ambientes aquecidos, os criadores devem utilizar mais farelo nas rações, já que o produto ajuda a aquecer os animais.