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Trigo recua na Bolsa de Chicago ainda sob incertezas na Ucrânia

Milho também encerrou o dia em queda; soja avançou

Durum Wheat
Durum Wheat

Depois de subir mais de 3% na sessão da véspera, quando atingiu sua maior cotação em dois meses, o trigo recuou na bolsa de Chicago nesta quinta-feira. Os contratos do cereal para dezembro, os de maior liquidez, fecharam em queda de 1,81% (15,25 centavos de dólar), a US$ 8,29 por bushel.

Ontem, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que poderia rediscutir os termos do acordo que permite a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro. Segundo Putin, a Ucrânia está embarcando grãos e fertilizantes para União Europeia e Turquia, e não para países pobres, como estava previsto no acordo entre russos e ucranianos.

“Já temos o relato de um navio com 60 mil toneladas que não conseguiu sair do Mar Negro. Esse pode ser o indicativo de que o acordo não vai muito longe. A Rússia cortou o fornecimento de gás na Europa, e não será com a Ucrânia que ela vai se preocupar agora”, disse Marcelo De Baco, operador no mercado de trigo. De qualquer forma, não há indícios de que o fluxo pelo Mar Negro tenha sido interrompido nesta quinta.

Apesar das alegações do presidente russo, dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que supervisiona o acordo, mostram que pelo menos 75% das cargas de grãos que deixaram a Ucrânia até o dia 27 de agosto foram destinadas a países que não integram a União Europeia. Turquia, Coreia do Sul, Irã e Egito foram os principais destinos.

Milho

O milho também encerrou o dia em baixa. Os contratos do cereal para dezembro, os mais negociados, caíram 0,37% (2,50 centavos de dólar), a US$ 6,685 por bushel.

O mercado optou pela cautela antes da divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) com as novas estimativas para a colheita americana, que ocorrerá na próxima segunda-feira. Para Leandro Bovo, sócio da Radar Investimento, o órgão pode reduzir sua projeção de colheita, mas que, ainda assim, deve continuar acima da projeção da consultoria Pro Farmer, que concluiu no mês passado sua expedição pelas lavouras dos EUA.

“A projeção do USDA pode indicar ao mercado se o preço passará de US$ 7 por bushel ou se ficará no patamar de US$ 6,50”, afirmou Bovo ao Valor.

Segundo analistas ouvidos pelo jornal “The Wall Street Journal”, o USDA deve reduzir para 357,6 milhões de toneladas sua projeção, que foi de 365,3 milhões de toneladas em agosto. A Pro Farmer estima colheita de 349,5 milhões de toneladas.

Soja

Nas negociações da soja, o contrato para novembro, o mais líquido em Chicago, subiu 0,18% (2,50 centavos de dólar), a US$ 13,86 por bushel. Os lotes de segunda posição, para janeiro do ano que vem, por sua vez, avançaram 0,18% (2,50 centavos de dólar), a US$ 13,9125 por bushel.

“O mercado segue à espera dos dados do USDA, que darão uma boa ideia de qual será o volume da safra, o que vai direcionar os preços dos grãos em Chicago. Até lá, deveremos seguir sem grandes oscilações”, afirmou Leandro Bovo.

Analistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal” acreditam que o USDA vai reduzir para 121,95 milhões de toneladas sua estimativa de produção de soja nos EUA em 2022/23. No mês passado, a projeção do órgão foi de 123,3 milhões de toneladas.

Para os estoques da safra 2022/23, a aposta dos analistas é de aumento para 6,53 milhões de toneladas. A estimativa de agosto foi de 6,18 milhões.

Bovo afirma que a decisão do governo da Argentina de anunciar uma taxa de câmbio fixa de 200 pesos por dólar para as exportações da oleaginosa também teve reflexos sobre os preços. Em três dias, os embarques argentinos de soja passaram de 3 milhões de toneladas. “O mercado quer saber quanto mais eles [argentinos] têm para vender. A expectativa é que sejam volumes grandes”, finalizou o analista.