O Uruguai vai testar o apetite de investidores para desenvolver projetos de hidrogênio verde no Atlântico Sul com a licitação de 10 blocos marítimos de geração eólicos nos próximos meses.
A estatal de energia Ancap planeja publicar as regras de licitação este ano e escolher os vencedores no segundo trimestre de 2023, disse o presidente da empresa, Alejandro Stipanicic. Ele está otimista que alguns dos mais das 40 petrolíferas e empresas de energia renovável que perguntaram sobre o leilão apresentarão propostas. A energia será usada em eletrolisadores que retiram o hidrogênio da água.
“Estamos oferecendo blocos que têm um certo potencial que, a nosso ver, justificam investimentos de bilhões de dólares”, disse Stipanicic em entrevista.
Grandes multinacionais do petróleo como BP e Shell se voltam para o hidrogênio em um momento em que nações buscam limitar o aquecimento global e reforçar a segurança energética após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A produção global de hidrogênio limpo pode saltar até 18 vezes, para 11,6 milhões de toneladas por ano até 2030, com forte apoio de governos, de acordo com a BloombergNEF.
Em um ano bom, o Uruguai gera mais de 95% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis, graças a investimentos em energia eólica, solar e de biomassa na última década. Agora a administração do presidente Luis Lacalle Pou está promovendo recursos renováveis inexplorados do Uruguai e isenções fiscais para colocar o país no caminho para se tornar um exportador global de hidrogênio.
Os esforços do Uruguai começam a dar frutos com planos da alemã Enertrag de construir 350 megawatts de energia solar e eólica no norte do Uruguai para produzir 21.000 toneladas de hidrogênio por ano a partir de 2025.
Cada um dos blocos que a Ancap vai licitar poderá gerar pelo menos 2,1 gigawatts de eletricidade, o suficiente para produzir 187.000 toneladas de hidrogênio por ano, segundo uma apresentação da empresa.
A Ancap escolheu águas não mais profundas do que 60 metros para seu primeiro leilão para que os blocos fossem compatíveis com os sistemas de energia eólica marítima existentes, disse Stipanicic.