Importantes centros de pesquisas da Alemanha perseguem a meta de desenvolver formas de gerar energia elétrica a partir de mecanismos limpos capazes de substituir a potência energética de complexos atômicos, que serão desligados pelo governo alemão até 2022.
A intenção é aumentar a potência instalada de 56,5 GW dos meios renováveis para 163,3 GW até 2050, segundo estimativa feita pelo Ministério do Meio Ambiente do país.
Ainda sem um valor total de investimentos, há planos de implantar novas turbinas eólicas no mar e na terra, expandir o uso de hidrelétricas, elevar a participação da geração de energia solar e iniciar uso da tecnologia geotérmica (nascentes de água quente, como os gêiseres, ou mesmo utilizando o calor do interior da crosta terrestre).
Além disso, cientistas tentam aperfeiçoar tecnologias para geração de energia por biomassa ou biogás que empregam estrume de animais, restos de alimentos ou materiais desperdiçados na atividade madeireira para aquecer e iluminar moradias.
Alternativa – De acordo com Ursula Eicker, da Universidade de Ciências Aplicadas de Stuttgart, em Baden-Württemberg, o emprego da geração de energia de biomassa é um dos que mais vai crescer entre a população, principalmente pelo seu custo mais baixo.
Enquanto se gasta 10 mil euros para instalar placas de captação de luz solar para aquecimento de água e do ambiente interno da residência, uma miniusina de biomassa movida a pellets (pequenos pedaços de madeira) custaria 7 mil euros.
“Além de ser mais barata, a vantagem é que o consumo de energia elétrica por biomassa pode ocorrer todos os dias, diferentemente da solar, que é prejudicada em dias nublados”, disse a especialista.
Os pellets, extraídos de pinheiros plantados para esta finalidade, já são substituídos em áreas agrícolas por estrume de animais, gramíneas ou gordura de abatedouros, que viram combustíveis sólidos na geração de luz elétrica e calefação.
Melhorias – O emprego destes materiais é alvo de estudo no Instituto Estadual de Engenharia Agrícola e Bioenergia da Universidade de Hohenheim.
Segundo Hans Oechsner, coordernador do centro de pesquisa, já existem atualmente 7 mil plantas de biomassa em áreas agrícolas na Alemanha que geram constantemente 2,5 GW de potência, o equivalente a duas usinas nucleares. “Entretanto, essas miniplantas estão descentralizadas. Por isso, estudamos formas de armazenamento dessa energia gerada e de como concentrá-la”, disse Oechsner.
Ele comenta que o uso de plantas gramíneas poderia substituir a falta de estrume em alguns casos. Segundo o Hans, que é doutor em Ciências Agrícolas, em toda a Alemanha existem 20 mil km² de plantações de gramíneas voltadas apenas para a geração de energia.
“Um hectare de grama equivale ao uso de até 6 mil litros de óleo utilizados para aquecer uma casa durante dois anos. É uma redução de 20 toneladas de CO2 por ano”, afirma.
A universidade estuda firmar convênio com instituições brasileiras para levar este tipo de geração de energia a localidades agrícolas que ainda não são abastecidas pela rede pública de distribuição. “Temos interesse na cooperação, principalmente no uso do estrume”, explica.