A presença de salmonellas paratíficas na avicultura comercial é uma realidade bem conhecida do setor. É uma realidade que se convive, e analisar a necessidade de aumentar os níveis de biosseguridade deve ser precisamente avaliado.
É sabido que os sorovares diferem amplamente em sua capacidade de infectar diferentes espécies, no entanto, os sorovares com restrição de hospedeiros estão associados exclusivamente a uma classe específica, como os sorovares S.Gallinarum e S.Pullorum, que acometem a avicultura, que são, respectivamente, os agentes etiológicos do tifo aviário e da pulorose, que afetam aves jovens e adultas.
De acordo com Daniela Queiroz Baptista, auditora fiscal agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o tifo aviário é frequentemente caracterizado como uma doença com alta morbidade e mortalidade aguda ou subaguda. “As aves acometidas podem apresentar uma condição septicêmica. Nas aves mais velhas pode-se observar anemia, depressão, dificuldade de respiração e diarreia com aderência de fezes à cloaca. Além disso, o aumento da mortalidade e a má qualidade dos pintos nascidos de ovos infectados também podem ser observados”, afirma.
Ela conta que “em relação à pulorose, a mortalidade geralmente ocorre em aves de 2 a 3 semanas de idade. Na sua forma aguda, esta enfermidade é quase exclusivamente uma doença septicêmica de aves jovens e seus sinais clínicos são anorexia, diarreia, desidratação, fraqueza e morte. Em aves mais velhas a doença é menos severa, mas pode levar a diminuição da produção de ovos e da eclodibilidade”, diz.
Tanto o Tifo Aviário quanto a Pulorose são enfermidades de distribuição mundial, que têm estado sob controle em países da Europa e da América do Norte. No Brasil, a avicultura industrial tem se ocupado de realizar o controle por meio de medidas de biosseguridade, mas os diversos fatores relacionados à complexa epidemiologia desses agentes têm ainda desafiado o setor.
“Apesar de terem sido erradicados em diversos países, no Brasil esses sorovares ainda estão presentes. Dados oficiais do Ministério da Agricultura apontam, ainda que escassa, sua presença nas granjas de reprodução”, complementa Baptista.
Para a mestre em medicina veterinária e gerente de negócios biológicos da Phibro Saúde Animal, é um erro pensar em erradicação. “Não gosto de considerar patógenos com a salmonella erradicados, pois eles esperam um leve descuido para se instalar novamente. E uma vez residente, as ações para eliminação deste agente na granja são complexas e exigem investimento, não só financeiro, mas de tempo e pessoas. Estes desafios são ainda maiores quando falamos em granjas de múltiplas idades, como é o caso das granjas de postura comercial “, aponta.
Para ela, “estas duas salmonellas, por causarem doença clínica nas aves, acabam gerando um senso de urgência e um grande empenho por parte dos produtores para eliminá-los da granja, porém falhas no programa de biosseguridade, esquemas de vacinação definidos de forma não estratégica e erros no processo de vacinação, sempre são gargalos importantes no controle desses agentes”, destaca Hunka.
Leia a matéria completa na edição 1324 da revista Avicultura Industrial: