Redação AI 25/07/2002 – Depois de crescer 60% em 2001, as exportações brasileiras de carne de peru avançam em ritmo mais modesto este ano. Nem por isso deixam de incomodar os criadores da Europa, o principal mercado para o produto brasileiro. No primeiro semestre de 2002, os embarques cresceram 8,79% sobre igual período de 2001, para 34,4 mil toneladas. Já a receita apurada no semestre foi 21,6% menor que a dos primeiros seis meses de 2001: US$ 40,9 milhões, de acordo com a Secex.
A queda na receita com as exportações decorre dos preços médios menores – segundo a Secex, no semestre, o recuo foi de 28% -, que, por sua vez, são resultado de uma maior oferta nos mercados importadores.
Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef) – que também reúne os exportadores de peru – observa que, neste ano, importantes exportadores da ave voltaram ao mercado. “Ano passado, Estados Unidos, Tailândia e China ficaram de fora por problemas sanitários”. Além disso, a produção de perus na Europa cresceu, estimulada pelo maior consumo de carnes brancas após o pânico com a doença da vaca louca. O resultado é um aumento nos estoques locais do produto.
O quadro de maior oferta, também por parte do Brasil, é o estopim para as queixas dos produtores de peru do Reino Unido, que acusam os brasileiros de dumping e questionam a qualidade da ave nacional, acusando os criadores de usar rações de carne e osso e antibióticos proibidos (nitrofurano).
Para Martins, “a grita dos britânicos por perda de espaço” se deve à maior competitividade do produto brasileiro. Em resposta às acusações publicadas em reportagem do britânico Daily Mail, a Abef enviou cartas às embaixadas na Europa afirmando que a sanidade do produto brasileiro é avalizada pela União Européia, que as aves não são alimentadas com proteínas de origem animal e que o uso de nitrofurano é proibido no Brasil.
José Augusto Lima de Sá, diretor-presidente da Doux Frangosul, uma das três exportadoras de carne de peru no Brasil, acredita que há intenção “de denegrir o produto brasileiro”. Ele lembra que, recentemente, o frango produzido no país também foi alvo de questionamento na Europa.
Lima de Sá reconhece que o desempenho das exportações de peru este ano deve ser mais modesto. “Os volumes devem ficar estáveis”, afirma. Além da maior oferta e da demanda menos agressiva na Europa, os exportadores brasileiros têm uma atuação restrita, explica o executivo. Sadia, Perdigão e Doux vendem basicamente cortes de peru para a industrialização na Europa. Segundo a União Brasileira de Avicultura (UBA), o Brasil produziu 190 mil toneladas de carne de peru em 2001 e exportou 67,9 mil.