Produtores de cordeiro enfrentaram dificuldades em atender aos pedidos de fim de ano de restaurantes, supermercados, casas especializadas e empresas que promovem confraternizações. Maior produtor do país, o Rio Grande do Sul não dá conta de atender a atual demanda, acrescida de clientes de fora da região Sul. Com Uruguai exportando para países que remuneram melhor do que o Brasil, como Canadá e México, compradores do Rio de Janeiro e de São Paulo tentam se socorrer nos cordeiros gaúchos. A escassez de oferta pela saída de cena dos uruguaios é agravada pela mortalidade de ovinos recém-nascidos durante o inverno gaúcho, bastante rigoroso.
Bom para o ovinocultor, nada digestivo para o consumidor gaúcho, que está pagando até 50% mais do que no mesmo período de 2009, dependendo do corte levado para casa. A paleta, por exemplo, está na média de R$ 40 o quilo. Já o carré não sai por menos de R$ 48 o quilo. Não há estatísticas sobre a evolução das vendas no período que antecede às festas, mas se especula que a comercialização cresce em dez vezes durante o mês de dezembro. A carne está em rota ascendente há 15 anos, mas nos últimos cinco virou moda em eventos e jantares e começa a ganhar espaço fora dos restaurantes mais sofisticados. O presidente da Febrocarne, Wilson Ferreto, enfatiza, contudo, que o custo ainda é entrave à popularização. “Ela é uma carne ainda cara porque não tem escala, mas tende a se expandir”, opina Ferreto.
Nesta época do ano, também cresce o movimento nas propriedades rurais que fornecem diretamente ao consumidor final pelo preço de R$ 5 o quilo vivo. Os animais podem ser levados inteiros ou desossados e, habitualmente, são abatidos com até 10 meses e peso entre 35 e 40 quilos. A gordura não pode passar de 3 milímetros. “O cordeiro se caracteriza pela carne jovem, tenra e com pouca gordura”.
Cortes embalados à vácuo também tem muita saída nesta época do ano. Os preços variam de R$ 14 a R$ 22 o quilo, contra R$ 10 a R$ 18 do Natal passado, calcula o empresário Luis Carlos Nunes, que engorda e abate 5 mil cordeiros anualmente em Santana do Livramento. O produto é vendido no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Apesar de ser proprietário da fazenda, do frigorífico e de um comércio de carnes, o que configura uma produção horizontal e facilita o planejamento de estoque regulador, Nunes prefere não se arriscar com contratos de fornecimento. “O problema é que a produção não acompanha a demanda, muito pela falta de estrutura da cadeia produtiva”, lamenta o empresário gaúcho.