A comercialização da soja na safra brasileira 2022/23 está perdendo força, com um ritmo mais lento registrado ao longo de maio e nos primeiros dias de junho em comparação com o avanço observado em abril.
Os produtores estão enfrentando dificuldades devido à queda dos preços no Brasil, o que resultou em uma diminuição nas negociações.
A necessidade de obter recursos financeiros e liberar espaço de armazenagem para a colheita da safrinha de milho nas regiões Centro-Oeste e Sudeste são fatores que contribuíram para essa desaceleração, de acordo com o analista e consultor da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
Além disso, os prêmios de exportação continuam pressionados pela grande oferta interna, e a recente queda nos contratos futuros em Chicago, devido à perspectiva de uma supersafra nos Estados Unidos, aumentou a pressão sobre os preços brasileiros, resultando em um mês desfavorável para o mercado de soja em maio.
“Isso desanimou ainda mais os produtores, que não estão dispostos a aceitar preços que se aproximam cada vez mais dos custos de produção”, observa o consultor.
Em várias regiões do país, a margem de lucro dos produtores está próxima de zero, criando um ambiente significativamente diferente do observado nos últimos anos.
No entanto, muitos produtores estão enfrentando a necessidade de avançar com as vendas para cumprir obrigações financeiras de curto prazo e liberar espaço nos armazéns em preparação para a chegada da safra recorde de milho.
Oferta no Brasil
É importante destacar que ainda há uma oferta considerável de soja no Brasil, e a demora no escoamento dessa superprodução pode desfavorecer os produtores nos próximos meses, mesmo que haja uma expectativa de recuperação dos preços no segundo semestre, alerta o consultor.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Safras & Mercado, com dados coletados até 2 de junho, cerca de 56,7% da safra brasileira de soja 2022/23 já foi vendida, representando um aumento de 5,7 pontos percentuais em comparação com o mês anterior (51,0%).
Esse percentual equivale a aproximadamente 88,177 milhões de toneladas negociadas, de uma safra estimada em 155,656 milhões de toneladas.
No mesmo período do ano anterior, o percentual era de 65,9%, enquanto a média dos últimos cinco anos foi de 73,0%.
Em relação à nova safra brasileira de soja (2023/24), apenas 8,1% teoricamente foi comercializado em relação a uma produção ainda hipotética, com base na safra 2022/23.
No mesmo período do ano passado, o percentual era de 13,3%. A média dos últimos cinco anos para o mesmo período foi de 17,7%.
Esses cálculos foram feitos com base na safra 2022/23, uma vez que a primeira estimativa da Safras & Mercado para a nova safra (2023/24) será divulgada em julho, no tradicional relatório de intenção de plantio.