O setor avícola se reuniu para falar sobre a presença da salmonella na produção de frango e ovos em um workshop gratuito e com inscrições esgotadas antecipadamente, organizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta).
Mostrando maturidade, o tom principal dos debates foi: as salmonelas existem, as cargas embarcadas para o exterior estão sendo 100% analisadas para União Europeia, mas mesmo assim é utopia pensar na eliminação total da bactéria. Temos que pensar na redução deste patógeno. E isso não vai acontecer da noite para o dia. Outro pensamento compartilhado por todos é sobre o papel do ser humano para controlar a salmonella.
A necessidade da realização da sorologia e identificação da salmonella também foi tópico exaustivamente abordado.
José Roberto Bottura, diretor técnico da APA, acompanhou todo o evento e acredita que a ocasião foi de grande utilidade para reciclar o que já se sabe sobre o controle da salmonella e recordar os princípios fundamentais da biosseguridade.
Nomes que fazem a diferença no assunto conversaram e expuseram suas opiniões para os participantes. Veja na sequência alguns destaques de suas apresentações.
Paulo Martins (Biocamp)
“Medidas avulsas não têm efeito sozinhas. Nossa principal arma para tratar a salmonela é a biosseguridade. Precisamos monitorar cada etapa da produção”.
Professor Ângelo Berchieri (Unesp)
“Temos que trabalhar com pintos de um dia livres de salmonella. Se a bactéria já está presente no primeiro dia da produção, vai ser muito mais difícil resolver o problema. Antibióticos não devem ser usados para tratar a salmonella. Eles não são a solução e vão no máximo esconder o patógeno. O alimento das aves também são uma importante porta de entrada da salmonella e precisa ser monitorado”.
Edir Nepomuceno (Ghenvet)
“ Não tente fazer amizade com as salmonelas. Faça um grande esforço de controle e tenha um plano já definido para quais medidas serão adotadas na sua granja caso você encontre a bactéria. Três pontos são fundamentais: O pintinho que você compra, a ração/ alimento e o ambiente (controle de cascudinhos e roedores).”
Cristiano Pereira (Cobb)
“O mais importante é a atitude das pessoas que vão trabalhar no controle deste patógeno. Os especialistas precisam saber executar o plano de prevenção.”
Anderlise Borsoi (Universidade UTP)
“Toda a legislação para salmonella no Brasil é feita pensando na saúde pública. E com todas as legislações existentes atualmente, qualquer sorovar de salmonella é importante. E ainda vale lembrar que é só porque existem essas regras que podemos exportar. Mas também não adianta impor uma regra que não vai poder ser cumprida. É preciso ensinar também a cumprir.”
Mário Sérgio Assayag (Aviagen)
“Os custos das salmonelas para a agroindústria são altos. Em um abatedouro para exportação, as perdas de faturamento equivalem a U$ 2,30 bilhões/mês ou US$ 8,53 bilhões/ano. As estimativas de gastos em um possível recall de 10 contêineres é de US$ 670.000,00”.
Luciano Lagatta (CDA)
“Há falhas de biosseguridade (como a limpeza e desinfecção , presença de roedores e cascudinhos) que são encontradas ao realizar vistorias par novos registros e renovações . Essas falhas são apontadas e trabalhadas para a concessão dos registros. Em São Paulo, temos atualmente 90% dos galpões de corte já registrados”.