Redação (15/08/07) – Realizado nos dias 13 e 14 de agosto, em Concórdia (SC), o evento promovido pela Embrapa Suínos e Aves, empresa de pesquisa agropecuária ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA/Brasil), reuniu cerca de 500 pessoas e mostrou que o tema está chamando bastante a atenção do setor de carnes. "Pelo que acompanho no mundo, cada vez mais esse tema terá um peso importante", prevê o pesquisador Adroaldo Zanella, da Universidade de Oslo, na Noruega.
Algumas das principais autoridades mundiais sobre bem-estar animal estiveram em Concórdia. Todas deram um recado semelhante. "Causar dor desnecessária ou ampliar o nível de estresse nos animais provoca perdas econômicas importantes. Então, investir em bem-estar não significa somente ter uma atitude politicamente correta. O produtor e as agroindústrias ganham mais dinheiro quando tratam melhor os animais", resume o pesquisador Luigi Faucitano, da Agriculture and Agri-Food of Lenoxville, do Canadá. "Além disso, o consumidor está querendo que mesmo os animais criados apenas com fins de consumo tenham uma vida melhor", completa Neville Gregory, do Royal Veterinary College, da Inglaterra.
O curso proposto pela Sociedade Mundial de Proteção Animal vai justamente nesta direção. Com o apoio da Embrapa Suínos e Aves, a WSPA/Brasil vai oferecer em 2008 para agroindústrias, associações de produtores e outros interessados um curso que mostre quais as regras que devem adotadas pelas agroindústrias para garantir maior conforto para os animais e retorno à cadeia produtiva. "Às vezes, o produtor faz tudo direitinho durante a fase de produção e na hora de carregar os animais ou transportá-los joga dinheiro fora porque não sabe como fazer o manejo pré-abate. É essa lacuna que o curso tentará preencher", explica Charlí Ludtke, da WSPA/Brasil. Os eventos serão promovidos em parceria com os interessados.
Para o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves, os cursos também auxiliarão na definição de regras de bem-estar animal adaptadas às condições brasileiras. "O Ministério da Agricultura, pelo que sei, logo colocará em consulta pública uma normativa sobre suínos. Mas é necessário que todos as cadeias produtivas tenham regras próprias", afirma Dalla Costa. Segundo o vice-presidente técnico-científico da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Mendes, o debate em Concórdia realmente deve gerar conseqüências dentro das cadeias produtivas. "Como o setor de carnes ocupa de forma crescente espaços no mercado internacional, não há dúvida que devemos progredir nessa questão", acredita Ariel.