O setor agro está em luto. Morreu ontem (24), um dos transformadores do sistema de produção avícola nacional, Zoé Silveira d´Avila, que presidiu a União Brasileira de Avicultura (UBA) por mais de dez anos, comandou o Grupo Sadia nas décadas de 1980 e 1990 e foi presidente da Fundação Attilio Fontana por 14 anos nas mesmas décadas.
Médico, clinico e cirurgião formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Zoé Silveira d’Avila foi o criador do sistema de integração que possibilitou o crescimento organizado da avicultura no Brasil e serve de modelo para o mundo. “É com muito pesar que recebemos a notícia de falecimento do Dr. Zoé, que foi responsável por mudanças históricas no setor avícola e que sempre apoiou as iniciativas da Gessulli. Temos muita admiração e sentimos muito por essa perda”, diz o diretor da Gessulli Agribusines, Ricardo Gessulli.
Aos 102 anos, d’Avila faleceu em São Paulo de causas naturais. “Um homem de uma força e caráter inabalável que mudou o rumo de uma das principais indústrias exportadoras do Brasil que é a avicultura industrial, sempre focado no desenvolvimento de toda a cadeia produtiva enquanto presidia a Sadia e a UBA fez do Congresso Brasileiro de Avicultura realizado em Brasília um porta voz do setor trazendo transformações importantes como a regionalização da avicultura”, afirma a diretora da Gessulli Agribusines e editora da revista Avicultura Industrial, Andrea Gessulli.
Quem foi Zoé Silveira d’Avila
Gaúcho, veio para a região trabalhar como médico em Arabutã onde conheceu e casou com Odylla Fontana d´Ávila, filha do fundador da Sadia, Attilio Francisco Xavier Fontana, que faleceu em 25 de maio de 2022.
Continuou na medicina, mas também aprendendo a administrar a Sadia. Virou acionista. Presidiu a agroindústria em Concórdia, em São Paulo e chegou à liderança do grupo.
Vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Sadia (hoje BRF S.A.) de 1980 a 1987 e presidente do mesmo de 1987 a 1992. Voltou a fazer parte do colegiado de 1998 a 2001. Presidiu também a então Fundação Attilio Francisco Xavier Fontana – entidade dedicada à complementação previdenciária dos funcionários da empresa, hoje BRF Previdência, de 1983 a 1996.
Foi vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias Alimentícias (ABIA) de 1982 a 1995 e Conselheiro da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Em 1996 assumiu a presidência da então UBA (atualmente Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA), entidade encarregada de representar, promover e fomentar o desenvolvimento da avicultura e da indústria avícola brasileiras em todas as áreas, tendo sido seu presidente por seis mandatos consecutivos, até 2008, acumulando a vice-presidência da Associação Latino Americana de Avicultura (ALA).
A UBA e Zoé Silveira d’Avila
A União Brasileira de Avicultura (UBA), que em 2023 completa 60 anos, foi a primeira grande entidade do setor avícola brasileiro, resultado da necessidade de o setor se organizar para atender a uma demanda cada vez maior de um crescente mercado interno.
Entidade máxima do setor avícola, a UBA foi criada com o objetivo de ser a representação institucional da avicultura brasileira junto ao Governo Federal, ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário. Focada estritamente em garantir os interesses da cadeia avícola, sua atuação sempre foi voltada à busca de sanidade, qualidade e legislação que assegurem o pleno e contínuo desenvolvimento do setor.
Fundada em 19 de junho de 1963, no Rio de Janeiro, antigo estado da Guanabara, em solenidade realizada no auditório da Sociedade Brasileira de Agricultura, teve como primeiro presidente Cyro Werneck de Souza e Silva.
No comando desta entidade, Zoé Silveira d’Avila fez história ao implementar o sistema de regionalização da avicultura. “O presidente da União Brasileira de Avicultura, Zoé Silveira dAvila, disse hoje (18/11/2005) que o setor avícola brasileiro aguarda para até o fim de novembro o anúncio, pelo Ministério da Agricultura, da aprovação do plano de regionalização da avicultura brasileira, proposto pela UBA. Uma das medidas a serem implementadas imediatamente será a proibição do transporte de aves vivas entre estados ou regiões. Inicialmente, a proibição deverá se limitar aos principais estados produtores do País: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e Minas Gerais e São Paulo”, diz o então presidente da entidade à Avicultura Industrial em nota publicada na época.
Zoé Silveira d’Avila na Avicultura Industrial
Ao longo de sua importante trajetória, a revista Avicultura Industrial entrevistou Zoé Silveira d’Avila inúmeras vezes. Confira a seleção de notícias clicando nos links abaixo e saiba mais:
https://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/projeto-memoria-uba/20090526-151416-s114
https://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/regionalizacao-da-avicultura/20051118-151605-1256