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Internacional

Piscicultura desafia domínio econômico da coca na Amazônia colombiana

Piscicultura desafia domínio econômico da coca na Amazônia colombiana

A floresta amazônica no sul da Colômbia, especialmente na província de Putumayo, enfrenta desafios intensos decorrentes do cultivo de coca, matéria-prima da cocaína. Enquanto a coca sustenta economias locais em meio à violência e à ausência do Estado, iniciativas como a da Associação de Mulheres Piscicultoras e Produtoras Agrícolas de El Progreso (Asoppaep) oferecem alternativas mais sustentáveis e legais para comunidades afetadas.

Uma nova abordagem para um velho problema

A Asoppaep é formada por 12 mulheres que abandonaram o cultivo de coca e transformaram suas terras em espaço para a criação de tambaquis e tilápias. Com piscinas de aquicultura, a cooperativa produz cerca de quatro toneladas de peixe a cada seis meses. Segundo Aura Ruiz, representante da organização, o novo modelo trouxe não apenas segurança legal, mas também paz de espírito. “Sabemos que estamos contribuindo para a economia familiar e protegendo o meio ambiente”, afirma.

Impactos ambientais e sociais do cultivo de coca

O cultivo de coca em Putumayo promove desmatamento, degradação do solo e contaminação dos recursos hídricos devido ao uso de produtos químicos tóxicos no processamento da cocaína. Além disso, está ligado à violência de grupos armados e a violações de direitos humanos, criando um ciclo vicioso de exploração e destruição.

A piscicultura da Asoppaep oferece uma solução que busca o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental. A cooperativa também implementa práticas de economia circular, transformando resíduos de peixe em colágeno e fertilizantes orgânicos.

Desafios para a transição

Apesar dos avanços, a Asoppaep enfrenta obstáculos significativos. A piscicultura exige investimentos elevados, e a infraestrutura limitada dificulta o acesso a mercados maiores. Além disso, os ciclos de produção de seis meses obrigam as mulheres a buscar outras fontes de renda enquanto esperam a colheita dos peixes.

O Programa Nacional de Substituição de Cultivos Ilícitos, criado pelo governo colombiano, tem sido inconsistente, deixando muitas comunidades sem o suporte necessário para migrar para economias legais. “Para que a transição seja bem-sucedida, é fundamental reduzir os riscos enfrentados por essas comunidades”, ressalta Luz Ángela Florez, do WWF Colômbia.

Perspectivas futuras

A Asoppaep planeja diversificar suas atividades, incluindo o cultivo de frutas e legumes e projetos de ecoturismo. Apesar das dificuldades, as participantes veem na piscicultura uma forma de autonomia e resiliência. “Não pretendo voltar atrás”, diz Ruiz. A iniciativa, ainda que pequena, representa uma esperança de regeneração para comunidades e ecossistemas na Amazônia colombiana.

Fonte: Dialogue Earth