A comunidade Santa Helena do Inglês, em Iranduba (AM), enfrenta desafios sem precedentes devido à seca severa que atingiu a Amazônia em 2023 e cujos efeitos persistem em 2024. Com o nível do Rio Negro cerca de dois metros abaixo do esperado, as embarcações já não conseguem alcançar a plataforma de madeira, prejudicando a navegação e impactando diretamente a pesca, principal fonte de renda dos ribeirinhos.
Impacto na Pesca Local
A seca prolongada reduziu drasticamente a produção de peixe na região, particularmente de jaraqui, que é crucial para a subsistência e economia local. Nelson Brito, líder da comunidade, relata uma queda estimada de 50% na produção de peixes, comparada aos anos anteriores, com a previsão de que os efeitos negativos continuem a afetar a pesca no próximo ano.
Desafios na Pesca do Pirarucu
Em Tefé, a seca também trouxe dificuldades inéditas para a pesca do pirarucu, uma espécie protegida e de grande importância econômica para mais de 280 comunidades e seis mil pescadores no Amazonas. Com a logística de entrega comprometida pela falta de acesso ao lago, apenas cinco dos 12 grupos autorizados conseguiram pescar suas cotas. A demora para iniciar a temporada e o aumento dos custos operacionais levaram os pescadores a vender a produção a preços reduzidos, agravando ainda mais a situação econômica.
Perspectivas Futuras
A extensão da seca até 2024 e a possibilidade de novas prorrogações na autorização de pesca pelo Ibama indicam um cenário incerto para os pescadores. A comunidade de Maraã, por exemplo, já avalia a necessidade de antecipar a temporada de pesca para mitigar os prejuízos.
O impacto contínuo das condições climáticas adversas destaca a vulnerabilidade das comunidades ribeirinhas que dependem da pesca, e a urgência em adotar estratégias de adaptação para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas na Amazônia.