Um mercado externo amplo e rentável e um mercado interno promissor colocaram a avicultura sob a luz dos holofotes e deflagraram um novo ciclo agroindustrial no País. Consolidado após a euforia, o setor agora puxa uma segunda onda de investimentos em outros segmentos. Um deles é a indústria de soja, que após anos de estagnação, inclusive com perda de algumas empresas, volta a receber investimentos no Paraná em 2010.
Atualmente, há apenas um projeto em andamento, mas nos próximos três anos outras duas cooperativas devem inaugurar indústrias de processamento de soja em grão, revela o superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Nelson Costa. “Nos três casos, são cooperativas que são grandes consumidoras de farelo porque são produtoras de frango. Então, mesmo nesses casos, é a avicultura que puxa o crescimento”, diz.
O projeto mais adiantado é o da Copacol, de Cafelândia (Oeste), que está investindo R$ 75 milhões na nova esmagadora. “Hoje já industrializamos todo o milho e em breve estaremos processando também toda a soja. Estamos adquirindo a estrutura industrial e vamos começar a operar na safra 2011/12.”, relata o presidente da cooperativa, Valter Pitol.
A unidade, que terá capacidade para esmagar 1,8 mil toneladas de soja por dia, faz parte de um plano de R$ 300 milhões que tem como objetivo aumentar a produção de peixes, aves e suínos da cooperativa nos próximos cinco anos. “70% da oleaginosa que será esmagada virão dos próprios cooperados e 60% do farelo que iremos produzir já têm destino certo”, diz Pitol. O produto será usado na fábrica de rações da cooperativa, que terá sua capacidade de produção ampliada em 22% nos próximos três anos, para 55 mil toneladas/mês.
A Copacol movimenta anualmente 640 mil toneladas de soja e milho. Processados, os grãos viram ração e alimentam peixes, aves, suínos e bovinos. As tilápias e o frango são processados na própria cooperativa. Já a industrialização da carne suína e do leite é realizada em parceria com a Frimesa.
Todo mês, são produzidas 800 toneladas de peixes e 600 mil litros de leite e abatidos 7 mil suínos e 300 mil aves. Os cortes de frango, os embutidos e os peixes produzidos pela Copacol são comercializados nos dez supermercados próprios que a cooperativa mantém no Paraná e encaminhados às quatro unidades de armazenagem, venda e distribuição dos produtos para o restante do País.
Tirar a produção do campo e levar à mesa dos consumidores também é a meta da Lar, com sede em Medianeira, no Oeste do Paraná. A cooperativa pretende aplicar neste ano mais de R$ 200 milhões em uma série de projetos. Metade desses recursos será investida na avicultura. As obras incluem a modernização da linha de abate com capacidade para 140 mil aves/dia e a implementação de uma segunda linha de abate com capacidade igual à primeira, que já foi concluída e está em fase de testes.
Novos aviários para ampliar o alojamento também estão nos planos. A expectativa é que a unidade avícola da Lar esteja operando com capacidade total no último trimestre de 2011, quando o abate deve alcançar a marca de 280 mil cabeças/dia.
“Quando o projeto foi concebido, em 1996/97, já tínhamos a pretensão de ampliar a produção de frangos. Mas ainda não tínhamos encontrado o momento ideal para colocar os planos em prática. Agora esse momento finalmente chegou e poderemos aumentar não só a produção, mas também as oportunidades para os nossos associados”, comemora o vice-presidente da Lar, Lauro Soethe.