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Avicultura Industrial em foco: Adenovírus na avicultura do Brasil - Estudos Embrapa

Avicultura Industrial em foco: Adenovírus na avicultura do Brasil - Estudos Embrapa

A avicultura mundial está em constante evolução na busca por melhores índices produtivos, e, apesar de avanços terem sido alcançados por meio de melhorias genéticas e implementação de novas tecnologias, os problemas sanitários ainda são responsáveis por prejuízos significativos. Nesse contexto, agentes virais estão cada vez mais presentes e dentre eles podemos destacar os adenovírus.

Os adenovírus estão presentes em diversas espécies de aves, tanto domésticas quanto selvagens, e sua ampla distribuição geográfica aumenta a complexidade do seu controle. Além disso, a detecção de adenovírus em aves saudáveis dificulta associar o agente a causa de determinadas patologias. Um dos aspectos mais críticos em sua importância para a avicultura industrial reside na capacidade de afetar múltiplos parâmetros de produção, incluindo taxas de crescimento, eficiência alimentar e mortalidade. Adenoviroses, mesmo quando subclínicas, podem comprometer a saúde geral do plantel, diminuindo a performance produtiva das aves e, consequentemente, a rentabilidade das operações avícolas. Além disso, a variabilidade genética dos adenovírus aviários, com diferentes sorotipos circulando em diferentes regiões e sistemas de produção, requer estratégias de controle e prevenção adaptáveis e específicas.

Os adenovírus são um grupo de vírus DNA fita dupla não envelopados que infectam uma grande variedade de organismos animais e humanos. Pertencem à família Adenoviridae que atualmente está dividida em seis gêneros, sendo que três deles comtemplam espécies que infectam aves: Aviadenovirus, Atadenovirus e Siadenovirus. O gênero Atadenovirus abriga, dentre diversas espécies, o adenovírus dos patos (Duck adenovirus 1 – DadV-1), responsável pela síndrome da queda da postura de 1976 (egg-drop syndrome 76 – EDS-76). O gênero Siadenovirus que contém alguns representantes importantes para as aves como: o vírus causador da enterite hemorrágica dos perus (Hemorrhagic enteritis virus,  HEV); o vírus causador da esplenomegalia de frangos (AASV, Avian Adenovirus Splenomegaly Virus) e o vírus da doença do baço marmóreo de faisões (MSDV, Marble Spleen Disease Virus).

Os adenovírus da síndrome da queda da postura e enterite hemorrágica dos perus causam apresentações clínicas bem caracterizadas e controladas por vacinas e medidas de biosseguridade.

Já no gênero Aviadenovirus encontra-se os denominados Adenovírus das Galinhas ou Fowl Adenovirus (FAdV). Os FAdV são classificados em cinco espécies (A ao E) e estas espécies abarcam 12 sorotipos. As espécies A e B incluem os sorotipos 1 e 5, a espécie C inclui os sorotipos 4 e 10, a espécie D é formada pelos sorotipos 2, 3, 9 e 11 e, por fim, o FAdV-E inclui os sorotipos 6, 7, 8a e 8b (Tabela 1). Os FAdVs e seus 12 sorotipos causam patologias diversas em diferentes órgãos; são tanto agentes primários quanto secundários, causam doenças clínicas e subclínicas, dificultando muito o correto diagnóstico e as medidas de controle. Em criações comerciais, as adenoviroses por Aviadenovirus representam um problema significativo, agravado pela diversidade de gêneros e espécies, o que resulta em uma grande variedade de síndromes clínicas 

Tabela 1: Principais adenovírus do gênero Aviadenovirus relacionados a doenças em aves de produção.

Espécies SorotiposDoenças/síndromes associadas
Fowl adenovírus AFAdV-1
Erosões de moela (AGE)
Fowl adenovírus CFAdV-4Síndrome da hepatite-hidropericárdio (HHS).
Fowl adenovírus DFAdV-2FAdV-11Hepatite por corpúsculo de inclusão (IBH)Síndrome da hepatite-hidropericárdio (HHS).
Fowl adenovírus EFAdV-8aFAdV-8b

Do gênero Aviadenovirus

De modo geral, as adenoviroses aviárias por Aviadenovirus não causam manifestações clínicas evidentes e aceita-se a dependência de alguns fatores associados, comumente relacionados a doenças imunodepressoras, infecciosas ou não, como a Anemia Infecciosa das Galinhas, doença de Gumboro e doença de Marek, intoxicação por micotoxinas, dentre outros. Contudo, algumas cepas de adenovírus podem atuar como patógenos primários: o Adenovírus “A” do sorotipo 1 (FAdV-1) produzindo bronquite das codornas (Quail bronchitis, QB) e erosões de moela (Adenoviral Gizzard Erosion, AGE) em frangos, bem como cepas de Adenovírus “C” do sorotipo 4 (FAdV-4) produzindo síndrome da hepatite-hidropericárdio (Hepatitis Hydropericardium Syndrome, HHS), além de certas estirpes das espécies aviárias de adenovírus “D” e “E” responsáveis pela hepatite por corpúsculo de inclusão (Inclusion Body Hepatites, IBH). 

As infecções por Aviadenovirus podem ocorrer em qualquer fase. A gravidade das lesões entretanto, está diretamente relacionada com a idade das aves e ao nível de anticorpos maternos que tais aves receberam. Em aves jovens são observadas as manifestações clínicas mais severas, também responsáveis pelos maiores impactos econômicos relacionados. Além disso, se acredita que exista uma baixa proteção cruzada entre sorotipos, ou seja, anticorpos protetores contra um sorotipo não são efetivos contra outros. Isso se verifica em decorrência dos relatos de isolamento de dois ou até três sorotipos em uma única ave, mesmo com altos níveis de anticorpos neutralizantes para um dos sorotipos.

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