A indústria avícola tem o desafio constante de avaliar o bem-estar dos frangos de corte em larga escala, devido ao elevado número de animais por granja e à diversidade de indicadores de bem-estar. No entanto, avanços na tecnologia inteligente estão abrindo caminhos promissores para monitoramento e gestão individualizada, apesar das dificuldades impostas pela quantidade e pela movimentação constante das aves.
A comparação entre o setor avícola e o leiteiro destaca as diferenças na abordagem de bem-estar animal; enquanto no último, o manejo individualizado é viável e econômico, no primeiro, o foco tende a ser no rebanho como um todo devido à grande quantidade de animais e ao menor valor econômico individual. Consequentemente, práticas de manejo são aplicadas visando o benefício médio do grupo, e não da ave individual.
Marian Dawkins, da Universidade de Oxford, ressalta que o bem-estar deve ser considerado em nível individual, uma vez que são os animais individuais que experienciam dor ou prazer. A tecnologia inteligente, como a agricultura de precisão, oferece uma oportunidade para tratar os frangos de corte como indivíduos, identificando problemas específicos como lesões ou condições adversas dentro do galpão, o que até agora era um desafio devido à dificuldade de distinguir uma ave de outra em movimento.
Notícias Relacionadas
Um dos principais obstáculos é a identificação de medidas de bem-estar adequadas que sejam ao mesmo tempo universalmente aceitas e tecnicamente viáveis para o reconhecimento automatizado em grandes lotes. Embora existam protocolos abrangentes, estes precisam ser traduzidos em indicadores específicos e mensuráveis para aplicação prática, o que muitas vezes requer julgamento subjetivo e tempo.
Caminhada ativa em frangos de corte e tecnologia inteligente
Dawkins sugere que a “caminhada ativa” pode ser um indicador ideal de bem-estar, por estar diretamente associada à saúde das aves e ser relativamente fácil de ser monitorada por máquinas. Este comportamento, que envolve a ave caminhar de forma contínua e com passadas regulares, poderia servir como ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologias de monitoramento automatizado, abrindo caminho para a inclusão de mais indicadores conforme avanços tecnológicos e conhecimentos se desenvolvem.
Para o especialista, esta abordagem para o bem-estar dos frangos de corte tem o potencial de transformar a indústria avícola, promovendo um manejo mais responsável e sustentável, que prioriza a saúde e o bem-estar dos animais em nível individual, alinhando-se às demandas contemporâneas por práticas agrícolas mais éticas e eficientes.
