A sustentabilidade da cadeia produtiva de ovos, primando pela biosseguridade dos plantéis, a preservação ambiental, a qualidade dos alimentos e a saúde e bem-estar das aves e dos trabalhadores rurais, é a questão chave do projeto Boas Práticas de Produção na Postura Comercial – BPP Ovos, liderado pela Embrapa Suínos e Aves. A equipe esteve reunida nos dias 12 e 13 de abril, num workshop, para dar início formal aos trabalhos junto aos parceiros.
Para a Embrapa, dois pontos importantes deste projeto estão na aplicação das boas práticas no campo e na parceria estabelecida. “O projeto BPP Ovos reforçará as ações por meio de um trabalho em equipe, proporcionando uma melhora significativa na produção porque alia pesquisa e atuação direta no campo”, comentou o chefe de Transferência de Tecnologia, Marcelo Miele.
A abertura do evento foi coordenada pelo líder do projeto, o analista João Dionísio Henn, que destacou os planos de ações e as principais atividades que serão desenvolvidas ao longo dos próximos três anos. Ele também enfatizou que a intervenção do projeto ocorrerá com o apoio de três parceiros: Granja Pedal (Santa Catarina), Naturovos (Rio Grande do Sul) e Coopeavi – Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Espírito Santo).
De acordo com João Dionísio, o objetivo principal do projeto será desenvolver um modelo de gestão baseado em boas práticas de produção na postura comercial. A equipe também estará focada na sustentabilidade do negócio, na questão sanitária, na capacitação, na atualização das BPP da Embrapa, na padronização de procedimentos e na transferência de tecnologia. Tudo isso por meio de cinco planos de ação. “A nossa expectativa é que o projeto possa ir além das Unidades de Referência Tecnológicas que vamos implantar, se estendendo a outros cooperados”, comentou o analista.
Na sequência do workshop, foi a vez dos parceiros apresentarem suas instituições e empresas, além de apontar as expectativas. Para o médico veterinário da empresa Coopeavi, do Espírito Santo, Nielton Cesar Ton, a expectativa para o projeto é das melhores. “Estamos otimistas quanto ao projeto, porque acreditamos que a pesquisa contribuirá com o a desenvolvimento da avicultura no estado”, comentou. A empresa se mostra aberta a implantação das BPP junto aos seus cooperados. “Pretendemos implantar as boas práticas não somente com nossos cooperados, mas estendê-la a outros produtores possibilitando assim desenvolver uma avicultura socioeconômica, aliada a questão ambiental, para agregar valor e qualidade ao produto final”. A Coopeavi está localizada na cidade de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, e será uma das parceiras a receber a intervenção do projeto.
Outra parceira no projeto é a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo, a AVES. Para Nélio Hand, representante da instituição, o projeto poderá contribuir muito com a avicultura nacional e a expectativa está especialmente com as pequenas propriedades. “A avicultura precisa evoluir e através do projeto teremos condição de auxiliar os produtores a trabalhar melhorias nas propriedades, condizentes com a legislação e em relação ao mercado”, destacou ele. Outro ponto importante para Nélio está na atuação em parceria com as demais instituições. “É uma oportunidade muito interessante trabalharmos junto com outros estados e instituições como a Embrapa e a ABPA, visando sempre a melhoria da postura nacional”.
As ações do projeto também terão intervenção junto a Naturovos, de Salvador do Sul, no Rio Grande do Sul. De acordo com o médico veterinário Flávio Renato Silva, a participação da empresa no projeto BPP Ovos é uma oportunidade de ampliar a parte técnica e favorecer a visibilidade da postural comercial. “Ao concretizarmos as boas práticas temos certeza de que novos mercados serão abertos para a cadeia de ovos, inclusive com exportação”.
Um dos painéis do workshop foi sobre o “Plano Nacional de Sanidade Avícola: Realidade nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo”, que apresentou a situação da atividade nestes estados e no Brasil. A abertura e a coordenação do painel foi da pesquisadora Sabrina Duarte Castilho, que iniciou com a abordagem do Fiscal Federal Agropecuário e Coordenador de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Bruno Rebelo Pessamilio. Também fizeram apresentação Priscilla Belleza Maciel, da Cidasc, Flávia Bomancini Borges Fortes, da PESA/SEAPI/RS, e Luciana Fischer Gaspar, do IDAF/ES.
Para o fiscal federal do Mapa, Bruno Pessamillio, o projeto se apresenta com um grande potencial para atuar na biosseguridade das propriedades avícolas, uma vez que preconiza a aplicação de boas práticas. “O Mapa há muito tempo vem trabalhando para melhorar a biosseguridade dos estabelecimentos avícolas, porém sabemos que a postura ainda precisa de melhorias. Por isso, temos expectativa que o projeto poderá contribuir com o setor, com informações, orientações técnicas, ajudando o produtor a entender as normativas, aplicar as boas práticas e estudar novas propostas e medidas sanitárias. Enfim, tudo isso refletindo num plantel mais seguro e protegido”, afirmou.
A representante do Programa de Segurança Avícola do Rio Grande do Sul, Flávia Bomancini Fortes, também destacou a expectativa de proporcionar à cadeia de postura uma dinâmica mais segura e competitiva. “A postura comercial precisa de um norte mais estruturado e oficial de como executar seus procedimentos, em especial de biossegurança. E, esperamos do projeto mais do que um documento, mas sim que possamos tornar a postura mais competitiva, assim como a avicultura de corte”.
Para Priscilla Belleza Maciel, da Cidasc, a expectativa de participação no projeto de boas práticas está especialmente na possibilidade de aumentar a biosseguridade da avicultura catarinense. “Pretendemos ser realmente parceiros para construir a mudança no setor aqui no Estado”, frisou ela.
No Espírito Santo a expectativa é a mesma em relação à aplicação do projeto. A representante do IDAF, Luciana Fischer Gaspar, destacou que a iniciativa é excelente e irá agregar muito à produção. “A avicultura tem potencial e poderemos atuar especialmente em questões que hoje impactam o setor, como a biosseguridade e os registros”, comentou ela.
A representante da Associação Brasileira de Proteína Animal e do Instituto Ovos Brasil, Tabatha Lacerda, também vê no projeto uma boa saída para a postura comercial no Brasil. “O setor de postura tem um potencial muito grande dentro da produção e temos que buscar agregar valor ao produto, aplicando práticas de melhorias e de segurança ao plantel. O projeto possibilitará replicar o resultado valorizando a cadeia de ovos”.
De acordo com o líder do projeto, João Dionísio, o workshop que marcou o início dos trabalhos superou as expectativas. “Reunimos toda a equipe de trabalho com as empresas parceiras, o Mapa e o serviço oficial dos estados para conhecer melhor o projeto e discutir sobre a avicultura de postura no Brasil. A participação do serviço oficial dos estados e do Ministério desde o início do projeto é fundamental e ressalta a importância do projeto. Isso nos dá também uma certeza maior de acertos nas ações nas granjas. Estaremos bem alinhados com o que a legislação determina e o que será fiscalizado. Assim, esperamos obter benefícios importantes para as empresas participantes, que estão dedicando recursos nesse início”, explicou.
Outro apontamento feito por João Dionísio é o de que com esta parceria firmada desde o início a possibilidade é muito maior de atingir, através dos exemplos didáticos produzidos no projeto, o maior número possível de produtores e contribuir para o sucesso da avicultura de postura, com granjas eficientes, com biosseguridade e com produtos de excelente qualidade para o consumidor. “Foi muito importante o esforço da cada um para participar do evento, o que demonstra o engajamento e a motivação de todos para que este projeto possa produzir resultados promissores”, enfatizou.
Os passos seguintes do projeto incluem a conclusão do material técnico sobre boas práticas de produção na postura comercial e o início dos trabalhos nas propriedades. Na primeira visita para as atividades de intervenção nas empresas parceiras serão identificadas as propriedades participantes, realizando um diagnóstico inicial para definir as ações prioritárias.