Para aprimorar a segurança alimentar, o Sistema de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) começará a implementar este mês um novo procedimento de monitoramento microbiológico no processo de abate de frangos. Esse avanço tecnológico, apoiado por uma pesquisa da Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia (SC), tem como objetivo identificar de forma mais eficaz os riscos de contaminação por microrganismos.
O foco desse novo procedimento está no monitoramento das bactérias Enterobacteriaceae, presentes no trato gastrointestinal dos animais e indicadoras da qualidade higiênico-sanitária do processo, assim como da possível presença de Salmonella spp., uma das principais causas de condenação de carcaças nos frigoríficos.
A implementação dessa medida foi oficializada pela Portaria SDA/MAPA Nº 1.023, de 29 de fevereiro, afetando todos os abatedouros frigoríficos registrados no SIF. “Este é um marco importante na revisão e modernização da inspeção de abate em frigoríficos”, celebra Luizinho Caron, pesquisador da Embrapa e líder do projeto iniciado em 2016 a pedido do Dipoa/Mapa.
Atualmente, cerca de 6% das carcaças são condenadas durante o abate devido a alterações ou contaminações, representando significativas perdas. As principais causas dessas condenações são contaminações gastrointestinais, lesões traumáticas, e lesões de pele inespecíficas. A esperança é que, com a nova abordagem de inspeção baseada no monitoramento microbiológico, haja uma diminuição nas condenações por uma avaliação mais precisa dos riscos à saúde.
A determinação dos limites microbiológicos para essa avaliação resultou de extensas pesquisas e coletas de dados em abatedouros da Região Sul, realizadas por uma equipe multidisciplinar da Embrapa, Dipoa, universidades públicas e outras instituições. Após um processo de validação desses limites em frigoríficos de várias regiões do Brasil, a Portaria 1023 foi publicada, marcando um novo capítulo na inspeção de produtos de origem animal no país.
O projeto de “Revisão e Modernização do SIF” não apenas foca na detecção de Salmonella spp., mas também visa estabelecer um modelo de inspeção baseado no risco, contribuindo para a redução de doenças transmitidas por alimentos e melhorando a reputação da carne de frango brasileira no mercado internacional.