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Economia

#TBT Agrimídia: Um Retorno à Edição do Anuário Avicultura n°888 de 1983

#TBT Agrimídia: Um Retorno à Edição do Anuário Avicultura n°888 de 1983

No TBT Agrimídia de hoje, voltamos à edição histórica do Anuário Avicultura n° 888 de 1983, um período marcado por grandes desafios econômicos para o setor avícola brasileiro. O texto a seguir mergulha nos eventos que abalaram o mercado naquele ano, destacando a crise provocada pela escassez de milho e o impacto nos custos de produção de frangos e ovos. Confira:

Ao final de 1983, a avicultura brasileira enfrentava uma crise grave. O setor registrava um déficit de 40%, causado pela defasagem entre o custo de criação e o preço de venda de frangos e ovos. O avicultor, em desespero, recorria aos meios de comunicação para chamar atenção à escassez de milho, fundamental para a ração animal.

Durante o segundo semestre, a situação piorou com a demora na chegada do milho importado. O esperado abastecimento, previsto para outubro, só começou a ser distribuído no final de novembro. Isso resultou em prejuízos para muitos avicultores, que enfrentaram dificuldades para alimentar seus plantéis. O aumento abrupto dos custos da ração teve um impacto direto nos preços ao consumidor.

Em janeiro de 1983, o frango custava Cr$ 217,22 ao consumidor. No entanto, até outubro, o preço havia disparado para Cr$ 1.075,37, refletindo o aumento no custo do milho, que passou de Cr$ 1.977,00 por saca em janeiro para Cr$ 10.200,00 em outubro.

Custo de Produção x Preço de Venda

O custo de produção do frango atingiu Cr$ 750,00 por quilo, enquanto o mercado oferecia apenas Cr$ 550,00. Essa discrepância aprofundou ainda mais a crise no setor, deixando os avicultores com prejuízos consideráveis. No caso dos produtores de ovos, a situação também era crítica. No final de 1983, eles enfrentavam um custo de Cr$ 16,5 mil por caixa de trinta dúzias, recebendo apenas cerca de Cr$ 10 mil pela venda.

Expectativas e Desafios

Com o início da safra de 1984, havia esperanças de estabilização dos preços, principalmente no Paraná, um dos maiores produtores de milho. No entanto, a perspectiva de aumento na produção não era suficiente para tranquilizar o setor. Embora as previsões apontassem para um aumento de 5% na área plantada em relação ao ano anterior, o Brasil ainda dependia das exportações para equilibrar o mercado.

O ministro da Agricultura, Delfim Neto, afirmou que grande parte da produção seria destinada à exportação para pagar o milho importado. Essa estratégia, contudo, mantinha a incerteza sobre a recuperação dos estoques nacionais, que haviam caído drasticamente de 1.571 milhões de toneladas em janeiro de 1983 para apenas 223 mil toneladas previstas para janeiro de 1984.

O Impacto da Escassez

A produção estimada para a safra 1983/1984 era de 20,010 milhões de toneladas de milho, comparada a 19,052 milhões da safra anterior. Apesar disso, o aumento das exportações, projetado para cerca de 450 mil toneladas, mantinha os preços internos elevados e os estoques em níveis críticos.

Considerações Finais

A avicultura brasileira em 1983 viveu um dos períodos mais desafiadores de sua história recente. A alta dos preços do milho e o impacto nos custos de produção tornaram o ano particularmente difícil para os produtores de frango e ovos. As expectativas para a safra de 1984 eram de alívio, mas a dependência das exportações e a volatilidade dos estoques nacionais sugeriam que o cenário de recuperação seria lento e incerto.