Redação (12/01/2009)- O Presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Antônio Mendes, acredita que o cenário de dificuldade para o setor no primeiro trimestre do ano ainda está mantido e que a expectativa de melhora para os meses seguintes leva em conta a redução nos alojamentos de pintos de corte no mercado interno e a gradativa recuperação das exportações. "Conseguimos reduzir em 12 milhões de cabeças o alojamento de novembro e para dezembro a estimativa é de que o número feche em 452 milhões de cabeças. Já para janeiro esperamos que sejam alojadas 400 milhões de cabeças, volume bem diferente das quase 500 milhões de cabeças registrada nos últimos meses do ano passado", explicou, em entrevista à Agência SAFRAS.
Mendes está confiante na expectativa de adequação da produção à demanda, para evitar volumes em excesso no mercado interno por conta de uma exportação mais restrita. "Acreditávamos que poderia haver um recuo de preço no mercado interno diante da maior oferta, mas isso não foi registrado nos supermercados em dezembro. Alguns supermercados de São Paulo chegaram a registrar falta de alguns produtos devido à boa demanda", afirma. Segundo ele, a disponibilidade interna em dezembro pode ter ficado próxima a 700 mil toneladas, com uma produção próxima a um milhão de toneladas.
O dirigente entende que o mercado pode vir a mostrar sinais de melhora no início do segundo trimestre, mas até lá não devem ocorrer novas paralisações por parte de empresas como Perdigão e Sadia, que fizeram paradas técnicas no mês passado. "Esperamos uma possível retomada das compras pelo Japão a partir de março. Por enquanto eles dispõem de um estoque elevado, de 100 mil toneladas e tentarão fechar novos negócios a preços mais baixos", afirma.
Mendes prospecta que a partir de maio ou junho o Brasil possa voltar a registrar volumes de produção e de exportação próximos aos dos meses de setembro e outubro do ano passado. "Os principais países, mesmo com menor disponibilidade de crédito, não deixarão de consumir alimentos e encontrarão na carne de frango uma alternativa de qualidade e com valor acessível", destaca.
Quanto ao mercado interno, os efeitos da crise não devem trazer grandes efeitos em termos de demanda, que tende a seguir favorável. "Mesmo a possibilidade de uma menor safra de milho não acarretará em grandes diferenças nos custos de produção do frango. Diferente de outros anos há sobra de estoque. Uma possível alta no preço do cereal, por sua vez, é positiva para o agricultor continuar estimulado a produzir", sinaliza. "É preciso avaliar também como se comportarão as exportações de milho neste ano, visto que com o dólar mais alto elas passam a ser interessantes para esse setor", acrescenta.
No que tange a expectativas para 2009, a previsão é de que o Brasil possa apresentar um crescimento de 3% na produção de carne de frango ante 2008, cujo volume ficou em 11 milhões de toneladas. Para a exportação, a idéia é um aumento de 5% frente as 3,650 milhões de toneladas do ano passado. "Tudo vai depender do andamento de negociações e da retomada de compras dos principais clientes brasileiros a partir do segundo trimestre, como Japão e União Européia", finaliza o Presidente da UBA.