O conhecimento da microbiologia intestinal de aves avançou de uma capacidade limitada com uma cultura relativamente simples, até a tentativa de entender complexas interações entre a ave e seu microbioma.
Já que o microbioma e o hospedeiro se comunicam e influenciam um ao outro, determinando a saúde, a intensidade de doenças infecciosas e até mesmo o comportamento das aves (Lee et al., 2022).
Mudanças importantes ocorreram nas últimas duas décadas na compreensão das interações das aves com as populações microbianas no trato gastrointestinal. Deixando de estudar populações microbianas intestinais na tentativa de identificar espécies para descrevê-las como organismos vivos em um ecossistema específico.
O foco nos últimos anos tem-se voltado para o conceito de microbioma, que observa o comportamento da microbiota e seus metabólitos em um determinado espaço (Berg et al., 2020). Objetivando assim, determinar os principais fatores que alteram o equilíbrio da microbiota intestinal, haja visto a sua influência não só no trato gastrointestinal, mas no organismo animal como um todo.
A fibra pode ser considerada um nutriente ou um fator antinutricional dependendo de vários fatores entre eles sua solubilidade em água, uma vez que a fibra solúvel tem grande capacidade de absorver água e formar substância gelatinosa no trato gastrointestinal, inibindo a digestão dos alimentos de modo geral.
Outra diferença relevante é que a fibra insolúvel não é degradada pela fermentação bacteriana em aves, exercendo menor influência sobre a microbiota intestinal quando comparada com a fibra solúvel (Hetland et al., 2004). No entanto, essa visão sobre a partição das fibras está mudando, pois não há padronização de métodos para separar as frações solúveis das insolúveis.
As frações de fibras solúveis e insolúveis podem variar dependendo da temperatura, água ou tampão que são utilizados como solvente durante as análises, e relação fibra/solvente, levando a limitações significativas na classificação da fibra (Williams et al., 2017).
As propriedades físico-químicas da fibra variam consideravelmente, dependendo de sua composição e estrutura. Algumas dessas propriedades que influenciam no seu modo de ação in vivo incluem tamanho, solubilidade, viscosidade, hidratação, troca catiônica e fermentabilidade da partícula (Potty, 1996).
As propriedades antinutricionais dos PNAs estão principalmente relacionadas às fibras solúveis, que por interagirem com o glicocálix da borda em escova intestinal são capazes de se ligarem à grande quantidade de água, aumentando a espessura da camada de água na mucosa e, consequentemente, alterando a viscosidade da digesta, interferindo no processo de digestão enzimática e interação dos nutrientes com os enterócitos e absorção pela parede intestinal (Moreira et al., 2009).
Os efeitos causados pelos PNAs incluem alteração do tempo de trânsito intestinal, modificação na estrutura da mucosa intestinal e mudança na regulação hormonal (Smits e Annison, 1996; Moreira et al., 2009).
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