A Europa produz 40 milhões de toneladas de carne por ano, para consumo humano. Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal, a mortalidade associada às doenças leva à perda de pelo menos 20% da produção de carne.
O reforço das normas de bem-estar animal é um elemento da estratégia da União Europeia “Do Prado ao Prato”, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu.
Protocolos de bem-estar animal
A euronews visitou várias pecuárias, em Itália, que adotaram protocolos de bem-estar animal, o que permite, por exemplo, evitar mutilações como o corte da cauda e o arranque de dentes.
“O bem-estar animal passa por garantir que, no ambiente em que é criado, o animal possa expressar o seu comportamento natural, expressar ao máximo a etologia do comportamento da sua espécie”, explicou Pietro Pizzagali, da pecuária italiana Fumagalli.
Redução do uso de medicamentos
Numa quinta perto de Cremona, os porcos são criados, em parte, ao ar livre, com mais espaço em relação às normas atuais, e têm acesso a uma grande quantidade de palha, o que ajuda a reduzir o stress e a agressividade.
As pecuárias estão equipadas com câmaras de vídeo e detetores da qualidade do ar e temperatura, que permitem uma monitorização em tempo real.
“Neste local, instalámos uma unidade de controlo, desenvolvida por uma start-up, que nos permite verificar, a cada minuto, os principais parâmetros ambientais do bem-estar animal. Graças a este tipo de gestão, registámos uma redução importante do uso de antibióticos”, afirmou Pietro Pizzagali.
As unidades da inseminação e do parto
As condições de vida na unidade de inseminação são outro aspeto importante do bem-estar animal. Nesta pecuária italiana, as porcas podem usufruir de mais espaço e liberdade durante a gestação.
“Ao contrário da Convenção Europeia, que diz que a porca pode ficar 28 dias na gaiola, aqui deixamo-la apenas 36 horas e depois libertamo-la e ela pode ir onde quiser “, disse à euronews Giorgi Santi, gestor da unidade de criação suína da empresa italiana Nerviano.
A euronews visitou também uma pecuária em Ghedi, perto de Brescia, onde as normas de bem-estar são superiores à legislação atual. Há palha para que a porca possa preparar o ninho para o parto e os leitões têm acesso a uma estrutura aquecida onde se sentem protegidos.
“Normalmente a porca fica confinada. Mas aqui tem a possibilidade de se mover numa área de 6,5 metros quadrados. Dessa forma comporta-se mais naturalmente com os leitões; quando tem que amamentá-los, a porca chama-os e os leitões saem do ninho para mamar”, explicou Pietro Pizzagali.
Consumidores apostam mais na qualidade
A melhoria das condições de criação tem um impacto positivo na saúde dos animais, reduz a necessidade dos medicamentos e aumenta a qualidade dos alimentos.
“Hoje o consumidor escolhe o produto não apenas pela bondade. Isso representa apenas 50% do valor do produto, os 50% restantes têm a ver com uma série de valores, como a origem do animal, as condições de vida dos animais a possibilidade de rastreamento; esses aspetos fazem a diferença no mercado “, explicou Arnaldo Santi, responsável de Marketing da Fumagalli.