As pessoas tem se preocupado muito com a sustentabilidade. A maior parte afirma que procura adotar ações que sejam adequadas sob aspectos ambientais e sociais. Entretanto, uma ação que milhões de pessoas fazem frequentemente, que é abastecer seus veículos nos postos de combustíveis, não tem mostrado que a intenção se transforma em atitude sustentável. Tem muita gente colocando gasolina em seus carros, quando poderia completar o tanque com etanol. O principal critério de escolher o combustível ainda é o econômico. Frequentemente a mídia expressa, com destaque, a relação de preço do etanol com a gasolina. Se a relação for maior que 0,70 decidem pela gasolina. Trata-se de valorizar demais o aspecto econômico.
E as vantagens ambientais e sociais do etanol? Será que estas pessoas não se lembram que o etanol gera empregos e que que é renovável e limpo, não poluente? Outra razão alegada para se preferir gasolina é a menos autonomia que o etanol proporciona aos motorista, por apresentar um menos número de quilômetros rodados por litro. Será que ter que parar para abastecer um pouco antes quando se utiliza etanol não justifica as vantagens sociais e ambientais? Onde está o espírito sustentável destas pessoas? Ainda há os que alegam que o etanol prejudica o motor. Esta questão técnica está totalmente superada. A qualidade do etanol é idêntica a da gasolina, em termos de trazer eventuais problemas mecânicos ao veículo.
Desta forma, é fundamental que a sociedade saia do discurso e, em atitudes simples, do dia a dia, sejam sustentáveis. O planeta Terra precisa de cidadãos conscientes, que contribuam para que as mudanças climáticas não evoluam tão rapidamente. O Brasil precisa de pessoas que valorizem o que se produz aqui. O etanol vem, principalmente, da cana, que tem o Brasil como maior produtor. A cultura não concorre com a produção de alimentos. Temos terra, tecnologia, clima e água para produzir cana, gerar empregos e não poluir. A cultura da cana evoluiu muito. Há muitos anos, o vinhoto ou restilo era um grande poluidor de nossos rios. Hoje virou fertilizante. A queima da cana foi um problema até pouco tempo. Atualmente temos máquinas para colher a cana crua, sem queimada, e seus inconvenientes de carvãozinho e efeitos ambientais indesejáveis. O petróleo, principal concorrente do etanol, tem uma série de desvantagens ambientais e sociais. Além de econômicas e de ser finito.
É importante que todo brasileiro reflita sobre o assunto antes do próximo abastecimento em seu carro. É necessário que façamos a nossa parte. As chamadas desvantagens da utilização do etanol são irrelevantes ou irreais. O Governo também precisa fazer a parte dele, implantando uma política adequada para o etanol. O setor canavieiro certamente é muito mais importante que o pré-sal, que tem tido muito mais destaque, inclusive pela mídia. É fundamental que o etanol se transforme em commodity, seja produzido em diversos outors países e conhecido pelos consumidores do mundo todo.
O Brasil pode ser o país a oferecer tecnologia para sua implantação. A imagem e reputação do produtor rural e do agro está melhorando. A sociedade brasileira vem reconhecendo que a estabilidade econômica que vivenciamos depende do sucesso do agro, ancora verde de nossa balança comercial. É hora de assumirmos uma posição sustentável e em defesa de nossa economia. As vantagens serão para todos. Feliz 2014!
Por José Otavio Menten, Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da USP/ESALQ.