Atualmente há uma forte pressão mundial para o desenvolvimento de matrizes energéticas mais limpas e o Brasil pode ganhar destaque exponencial se concentrar esforços nessa causa, já que as condições naturais da região permitem a produção de soluções renováveis. No entanto, embora haja a necessidade de desenvolvimento de outras soluções mais sustentáveis, que tragam respostas à pressão social e ambiental, há um impedimento de custo para estas aplicações, que ainda se encontram em um nível de competitividade muito distante, por exemplo, da energia hidrelétrica.
O Brasil é quase autossuficiente na produção energética e se destaca por obter 75% de sua produção elétrica por meio de usinas hidrelétricas, uma das matrizes mais limpas do planeta. Ainda assim, o País não se encontra em uma posição confortável, já que corre um sério risco de estagnação em virtude da falta de uma coesa política de concessão e de grandes investimentos em novas tecnologias para que se destaque no mercado.
A construção de novas usinas hidrelétricas, por exemplo, esbarra em sérios problemas de aprovação ambiental e está cada vez mais difícil obter licenciamento para esta finalidade. Além disso, o setor de energia elétrica, um dos mais estratégicos da matriz brasileira, vem passando por um período de insegurança quanto a novos investimentos em infraestrutura, em razão dos ajustes tarifários e das renovações dos contratos de concessões nas áreas de transmissão e geração.
Já dentre as matrizes energéticas renováveis, temos que destacar a força dos biocombustíveis. Os dois principais utilizados no Brasil são o etanol e o biodiesel. Segundo a Petrobras Biocombustível, até 2018 estão previstos investimentos de US$ 2,3 bi para ampliar a produção dessas fontes de energia.
No caso do biodiesel, a Petrobras afirma que as usinas próprias e parceiras possuem, juntas, capacidade de produção de 821 milhões de litros/ano. O biodiesel pode ser produzido a partir de diferentes espécies oleaginosas, como a mamona, o dendê, a canola, o girassol, o amendoim, a soja e o algodão, além de matérias-primas de origem animal como o sebo bovino e gordura suína. Desde 2010, todo o diesel comercializado no Brasil contém 5% de biodiesel.
Já com relação ao etanol, gerado a partir da cana-de-açúcar, tem o menor custo de produção e o maior rendimento em litros por hectare do produto. O Brasil, inclusive, é o líder mundial na produção de cana-de-açúcar e o maior gerador mundial de etanol à base deste insumo. Desta forma, vem conquistando cada vez mais o mercado externo com essa alternativa energética. Segundo a publicação da KPMG Internacional, “Cadeia agrícola e de alimentos: entrando em uma nova era de cooperação” (The agricultural and food value chain: entering a new era of cooperation, em inglês), o Brasil é o único País em que a produção de biocombustível não deve estagnar.
Ainda de acordo com o relatório da KPMG, a produção de biocombustíveis estagnou no mundo desde 2010. Apenas no Brasil, há uma previsão de crescimento, com o cultivo de cana-de-açúcar ultrapassando nove milhões de hectares de área plantada no ano que vem.
Outro ponto que podemos destacar é que na produção deste biocombustível, todos os subprodutos da cana são aproveitados e, com a queima do bagaço da cana, há a cogeração de energia.
Há, também, pesquisas para o uso comercial do etanol de segunda geração, conhecido como o etanol do futuro, com o aproveitamento da celulose existente no bagaço. O desenvolvimento nessa área possibilitaria ampliar a capacidade de produção em até 40% sem aumentar as áreas plantadas de canavial, trazendo mais produtividade, eficiência e sustentabilidade no ciclo de produção.
À medida que aumentam as preocupações sobre as mudanças climáticas e os desafios ligados ao desenvolvimento sustentável, a demanda por fontes de energias mais limpas se intensifica. O Brasil reúne características que podem alçá-lo ao topo do fornecimento de energia mundial e, dessa forma, o agronegócio pode se beneficiar e confirmar o posto de um dos setores mais importantes da economia nacional.